20.7.18

Porque estamos em 2018



«O que eu gostava que algum primeiro-ministro, algum presidente deste país respondesse assim:

— Porque não um Museu das Descobertas/Descobrimentos?
— Porque estamos em 2018.

— Porquê encarar agora a escala de seis milhões de escravos que Portugal traficou no Atlântico?
— Porque estamos em 2018.

— Porquê estabelecer a relação entre o passado colonial português e o racismo contemporâneo?
— Porque estamos em 2018.

— Porque é que a recente estátua do Padre Vieira com indiozinhos é anacrónica, equívoca e ofensiva?
— Porque estamos em 2018.

— Porque é que quando falamos numa propensão dos portugueses para a mistura temos de falar na violação sistemática a que foram sujeitas as mulheres indígenas e negras?
— Porque estamos em 2018.

O que é que 2018 tem de especial? A confluência de muitíssimas coisas que há décadas não conhecíamos ou em que nunca tínhamos pensado, pontos de vista novos, antes sem espaço, sem voz, fontes que antes não tinham sido consultadas, um ror de coisas que muitíssima gente mais devia poder conhecer, se essas coisas, esses estudos, essas criações, essas correcções de fábulas perpetuadas ao longo de séculos, pudessem ser amplificadas.

Alexandra Lucas Coelho

Na íntegra AQUI.
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