23.10.18

A PSP, a GNR e Bolsonaro



«O que denigre a imagem dos profissionais da PSP, ao contrário do que afirma o Sindicato Vertical de Carreiras da Polícia, não é a pronta e acertada reacção do ministro da Administração Interna. Eduardo Cabrita ordenou um inquérito às circunstâncias da fuga de três arguidos do Tribunal de Instrução Criminal do Porto, suspeitos de dezenas de roubos a idosos, e à divulgação das fotografias dos mesmos após as detenções em Gondomar. Os sindicatos não gostaram disso e acharam que o ministro estava a tomar o partido dos “delinquentes”. Se os sindicatos estão convencidos de que uma fuga patética daquele tipo e a exposição de detidos daquela forma não são suficientes para que um ministro e qualquer um de nós queira saber o que se passou, então é porque acham que os polícias estão acima de qualquer suspeita pelo simples facto de possuírem um crachá.

Os sindicatos e associações das forças de autoridade deveriam preocupar-se tanto com a presunção de inocência dos seus inscritos e associados (claro que a autoria das fotografias em causa será sempre uma especulação) como com a presunção de inocência dos detidos. Os suspeitos, é assim que juridicamente são, não foram ainda sujeitos a qualquer juízo. Percebe-se a solidariedade entre forças da autoridade, mas não é aceitável que a Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda diga, sem qualquer prurido, que os criminosos “não são merecedores do mesmo respeito e consideração” que o cidadão comum.

O que denigre a imagem dos profissionais da polícia — generalizando o que não pode ser generalizado, porque há sempre polícias bons e polícias maus, como nos filmes — é um sindicato que recorre a montagens com imagens de idosos espancados noutros países europeus para nos fazer crer que estes foram vítimas daquele trio de “criminosos perigosos” e com isso atacarem nas redes sociais a tutela com que estão em conflito. A publicação consciente de fotografias fora do contexto, com o argumento de que se trata da defesa de colegas vilipendiados por um ministro, não é apenas um tique “Bolsonaro” de mau gosto. É pura manipulação. E manipulação é coisa séria, que não seria de esperar de um sindicato de polícia que se diz vertical.»

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