30.7.07

Parlez Globish (2)

Já li Don’t Speak English, Parlez Globish, referido aqui, em post que assumo conhecido. Achei o livro interessantíssimo e de leitura fácil e agradável.

Não sei se o projecto de Jean-Paul Nerrière (JPN) atingirá os objectivos que se propõe, mas é, no mínimo, original e muito criativo.

Assumindo como pressuposto incontornável que, na era global, a humanidade precisa de se entender, o Globish apresenta-se não como uma nova língua, mas como um instrumento de comunicação alternativo ao «angloricano» (mistura de inglês e de americano) que 88% da humanidade, que não o tem como língua materna, faz um esfortço hercúleo, muitas vezes em vão, para compreender e para falar (enquanto os outros 12% não fazem qualquer tentativa de adaptação ou de simplificação).

O Globish é «o essencial do inglês, um concentrado fundamental e suficiente, obtido por meio de uma destilação reflectida», diz JPN. Se não chega nem é apropriado para ler Oscar Wilde no original, as suas 1 500 palavras («nem mais uma, se possível») e seus derivados são suficientes para quem precisa de entender – e de se fazer entender – no plano profissional, enquanto turista, como utilizador da internet, etc., etc.

O Globish está longe de ser a primeira tentativa que se faz neste domínio e, por isso, JPN utilizou fontes para a constituição do seu léxico. Baseou-se, concretamente, na experiência da rádio Internacional Voice of America e no dicionário de Basic English de Odgen.

Para saber Globish, não basta aprender uma lista de palavras: há que ter em conta toda a problemática relacionada com a pronúncia, é necessário estudar gramática e tudo o que diz respeito aos modos de expressão. É à explicação de cada um destes itens que o livro se dedica e sobre os quais não me vou alongar (*).

A título de exemplo e pela originalidade, refiro o que é aconselhado no domínio da aprendizagem da pronúncia:
• Escolher vinte canções que tenham um ritmo lento, de artistas britânicos ou americanos (Frank Sinatra, Nat King Cole, The Beatles...).
• Começar por ouvir uma qualquer, repetindo cada fonema o melhor possível, mesmo sem saber o significado do que é dito; repetir o exercício o número de vezes necessário para decorar toda a canção (podendo tomar notas por escrito, mas foneticamente, ou seja tal qual como se ouve).
• Fazer o mesmo exercício para as outras dezanove canções.

JPN garante que a garganta terá ficado educada para o Globish e que uma importante batalha terá sido assim ganha, sem grande esforço. (E acrescenta, ironicamente, que no caso de o aluno desistir do Globish, ficará muito bem preparado para o karaok...)

Muito haveria para dizer, mas fico por aqui.
All the best to you, Globish!

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(*) Já há meios de formação em Globish disponíveis, tanto em livros como na net.


2 comments:

F. Penim Redondo disse...

Cara amiga, não é isso que temos andado todos a falar há um ror de anos ?
o Globish sai-me naturalmente...à falta de melhor.

Joana Lopes disse...

Olha que não: andámos sempre a tentar falar a língua de Shakespeare e ia saindo o que era possível.
O Globish pretende ser algo de estruturado, com uma metodologia e aceite como tal «oficialmente» - o que não quer dizer que venha a consegui-lo...