Para os leitores deste blogue que não são visitantes habituais do Dotecome, aconselho a leitura deste texto do Fernando Redondo (FR).
Uma resumida mas muito útil cronologia de factos e dissidências ajuda a situar, a recordar e, portanto, a compreender muita coisa.
Tenho tido sempre muitos ex-PCP à minha volta – em casa, no emprego, nalguns grupos de amigos e, recentemente, até na blogosfera. Assisti, de fora mas muito atentamente, a dissidências e a saídas mais ou menos discretas. Leio todos os livros de memórias que vão saindo e partilho com o FR a sensação de que, muitas vezes, se ficam por descrições exaustivas de divergências processuais, sem aprofundarem suficientemente clivagens ideológicas. Diz o Fernando:
«Denunciaram os erros e os crimes que, em sua opinião, tinham sido cometidos.
Não quiseram, ou não souberam, no entanto, enunciar alternativas viáveis, anti-capitalistas, às relações de produção e às opções económicas e sociais que caracterizavam a sociedade soviética.»
Eu penso que passou ainda muito pouco tempo desde a implosão da URSS e que não se anunciam para breve amanhãs que cantem em qualquer outra parte do mundo. Haverá hoje outra coisa a propor, praticamente, para além do «capitalismo civilizado» e da «salvação do Estado Social»? Talvez não, mas a História não acaba aqui.
Gorbatchev e a fotografia que roubo ao Dotecome são um símbolo. Já sabia que ele fez ou vai fazer um anúncio para o Louis Vuitton (indo a receita para uma qualquer obra de beneficência). Mas se, há vinte anos (não mais), nos tivessem mostrado esta imagem do responsável máximo da URSS propagandeando malas de topo de gama do mais puro capitalismo, com restos do muro de Berlim grafitados como pano de fundo, qual seria a nossa reacção? It’s a goog joke! Eu pensaria o mesmo se me dessem hoje uma fotografia de Bento XVI a distribuir preservativos nos Jogos Olímpicos de Pequim – A good joke.
Curiosamente, este tipo de acontecimentos anima-me e torna-me optimista. Se acontecem coisas que pareceriam tão impensáveis, não há razão para que a humanidade não tenha imaginação suficiente para ir construindo novas teorias que tragam novas estradas de esperança.
«Utopia hoje, carne e osso amanhã», dizia Victor Hugo.
Uma resumida mas muito útil cronologia de factos e dissidências ajuda a situar, a recordar e, portanto, a compreender muita coisa.
Tenho tido sempre muitos ex-PCP à minha volta – em casa, no emprego, nalguns grupos de amigos e, recentemente, até na blogosfera. Assisti, de fora mas muito atentamente, a dissidências e a saídas mais ou menos discretas. Leio todos os livros de memórias que vão saindo e partilho com o FR a sensação de que, muitas vezes, se ficam por descrições exaustivas de divergências processuais, sem aprofundarem suficientemente clivagens ideológicas. Diz o Fernando:
«Denunciaram os erros e os crimes que, em sua opinião, tinham sido cometidos.
Não quiseram, ou não souberam, no entanto, enunciar alternativas viáveis, anti-capitalistas, às relações de produção e às opções económicas e sociais que caracterizavam a sociedade soviética.»
Eu penso que passou ainda muito pouco tempo desde a implosão da URSS e que não se anunciam para breve amanhãs que cantem em qualquer outra parte do mundo. Haverá hoje outra coisa a propor, praticamente, para além do «capitalismo civilizado» e da «salvação do Estado Social»? Talvez não, mas a História não acaba aqui.
Gorbatchev e a fotografia que roubo ao Dotecome são um símbolo. Já sabia que ele fez ou vai fazer um anúncio para o Louis Vuitton (indo a receita para uma qualquer obra de beneficência). Mas se, há vinte anos (não mais), nos tivessem mostrado esta imagem do responsável máximo da URSS propagandeando malas de topo de gama do mais puro capitalismo, com restos do muro de Berlim grafitados como pano de fundo, qual seria a nossa reacção? It’s a goog joke! Eu pensaria o mesmo se me dessem hoje uma fotografia de Bento XVI a distribuir preservativos nos Jogos Olímpicos de Pequim – A good joke.
Curiosamente, este tipo de acontecimentos anima-me e torna-me optimista. Se acontecem coisas que pareceriam tão impensáveis, não há razão para que a humanidade não tenha imaginação suficiente para ir construindo novas teorias que tragam novas estradas de esperança.
«Utopia hoje, carne e osso amanhã», dizia Victor Hugo.
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