Perto da minha casa, não há lojas. A alguma distância, num troço da Estrada de Benfica, há um tristonho comércio dito tradicional – com duas ou três casas chinesas que em nada destoam das suas vizinhas.
Mas o meu comércio de bairro, o «de proximidade» é o Colombo. Antes de mais porque de uma das saídas do parque de estacionamento até à porta da minha casa vão 700 metros, diz-me o conta-quilómetros. Não adoro nem detesto as chamadas grandes superfícies, mas gosto do Colombo. Conheço-lhe todos os cantos e resolve-me quase todos os problemas que ainda escapam à internet. Da FNAC aos Correios, da farmácia aos bancos ou a qualquer tipo de compra, raramente preciso de recorrer a outras paragens. Só nunca entrei nos cinemas, porque os filmes escolhidos pela Lusomundo não me seduzem suficientemente para que suporte as pipocas.
Nesta querela que percorre jornais e blogosfera sobre localização de lojas chinesas, dei por mim a pensar que não há nenhuma no Colombo. E bem jeito me daria, pelo menos uma, para comprar uns pregos sem ter de percorrer dez corredores do AKI, ou outros tantos do Continente à procura de uma lâmpada. Mas porque é que não se instalam por lá? Será só porque as rendas são muito caras? Já há muitas orientalices, nomeadamente roupa, bugigangas e paus de incenso indianos e similares, mas verdadeiras lojas de chineses, da «bayer», não. Estarão para chegar? Ou será que o Eng. Belmiro de Azevedo não as quer para proteger as outras ou para não dar mau aspecto? Agora que estão a fazer remodelações no Centro, irá ser criado um corredor «Chinatown?
Mais a sério. Não se revigora o comércio «antigo», na Baixa de Lisboa ou em qualquer sítio do planeta, enxotando chineses ou limitando instalação ou horários de centros comerciais. Os pequenos comerciantes não resistirão se não perceberem os novos mundos em que se movem e se não se organizarem entre si (como não resistiram os têxteis). Em suma, se servirem para pouco, para quase nada.
Quanto aos chineses, vieram para ficar e ainda têm por lá batalhões prontos para partir. São pragmáticos, perceberão que precisam de ter locais com melhor aspecto e produtos com maior qualidade, como já vai acontecendo noutros países.
Não cumprem as leis do trabalho? Obrigue-se a que o façam.
Não respeitam os direitos humanos na sua terra? Denuncie-se sistematicamente, em todas as oportunidades – enquanto é tempo. Em vez de, por «razões óbvias», não se receber o Dalai Lama.
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P.S. – Já depois de escrever este texto, li que o Colombo faz hoje dez anos – celebrei pois uma efeméride sem o saber.
Mas o meu comércio de bairro, o «de proximidade» é o Colombo. Antes de mais porque de uma das saídas do parque de estacionamento até à porta da minha casa vão 700 metros, diz-me o conta-quilómetros. Não adoro nem detesto as chamadas grandes superfícies, mas gosto do Colombo. Conheço-lhe todos os cantos e resolve-me quase todos os problemas que ainda escapam à internet. Da FNAC aos Correios, da farmácia aos bancos ou a qualquer tipo de compra, raramente preciso de recorrer a outras paragens. Só nunca entrei nos cinemas, porque os filmes escolhidos pela Lusomundo não me seduzem suficientemente para que suporte as pipocas.
Nesta querela que percorre jornais e blogosfera sobre localização de lojas chinesas, dei por mim a pensar que não há nenhuma no Colombo. E bem jeito me daria, pelo menos uma, para comprar uns pregos sem ter de percorrer dez corredores do AKI, ou outros tantos do Continente à procura de uma lâmpada. Mas porque é que não se instalam por lá? Será só porque as rendas são muito caras? Já há muitas orientalices, nomeadamente roupa, bugigangas e paus de incenso indianos e similares, mas verdadeiras lojas de chineses, da «bayer», não. Estarão para chegar? Ou será que o Eng. Belmiro de Azevedo não as quer para proteger as outras ou para não dar mau aspecto? Agora que estão a fazer remodelações no Centro, irá ser criado um corredor «Chinatown?
Mais a sério. Não se revigora o comércio «antigo», na Baixa de Lisboa ou em qualquer sítio do planeta, enxotando chineses ou limitando instalação ou horários de centros comerciais. Os pequenos comerciantes não resistirão se não perceberem os novos mundos em que se movem e se não se organizarem entre si (como não resistiram os têxteis). Em suma, se servirem para pouco, para quase nada.
Quanto aos chineses, vieram para ficar e ainda têm por lá batalhões prontos para partir. São pragmáticos, perceberão que precisam de ter locais com melhor aspecto e produtos com maior qualidade, como já vai acontecendo noutros países.
Não cumprem as leis do trabalho? Obrigue-se a que o façam.
Não respeitam os direitos humanos na sua terra? Denuncie-se sistematicamente, em todas as oportunidades – enquanto é tempo. Em vez de, por «razões óbvias», não se receber o Dalai Lama.
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P.S. – Já depois de escrever este texto, li que o Colombo faz hoje dez anos – celebrei pois uma efeméride sem o saber.
1 comments:
Este artigo do Público, de António Sérgio Rosa de Carvalho, publicad no dia 15, penso que é interessante:
http://www.voy.com/208516/900.html
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