Nos Estados Unidos, a causa feminista comprou uma nova batalha – as mulheres devem assumir os cabelos brancos. Grisalhas ao ataque parece ser uma das recentes palavras de ordem das baby boomers que, entretanto, já chegaram à casa dos 50’s.
A Time acaba de publicar um artigo sobre o assunto: The War Over Going Gray.
Se é verdade que as mulheres vão atingindo lugares de topo nas diversas instâncias, públicas ou empresariais, aparentemente continua a ser inaceitável que não tentem parecer eternamente jovens. E, nesse contexto, os cabelos podem ser escuros, encarniçados ou louros – mas nem brancos, nem grisalhos.
A autora do artigo recolhe vários testemunhos. Há quem afirme categoricamente que pintar o cabelo é indispensável para subir na carreira. Uma obstetra explica que as pessoas gostam de médicos com maturidade mas de aspecto convencional; que os seus colegas homens são mais respeitados quando grisalhos, mas que as mulheres ficam com um ar considerado «alternativo».
É verdade que o hábito de pintar cabelos vem da Antiguidade, mas a sua massificação, nos Estados Unidos, data apenas da década de 50 do século XX. Até aí, quem o fazia era considerada «aventureira».
Vai-se instalando agora a tendência inversa, por uma questão de princípio – uma nova forma de afirmação de poder por parte das mulheres. E, neste momento, já se vê muitas mais com o cabelo grisalho ou branco do que há alguns anos.
A Time acaba de publicar um artigo sobre o assunto: The War Over Going Gray.
Se é verdade que as mulheres vão atingindo lugares de topo nas diversas instâncias, públicas ou empresariais, aparentemente continua a ser inaceitável que não tentem parecer eternamente jovens. E, nesse contexto, os cabelos podem ser escuros, encarniçados ou louros – mas nem brancos, nem grisalhos.
A autora do artigo recolhe vários testemunhos. Há quem afirme categoricamente que pintar o cabelo é indispensável para subir na carreira. Uma obstetra explica que as pessoas gostam de médicos com maturidade mas de aspecto convencional; que os seus colegas homens são mais respeitados quando grisalhos, mas que as mulheres ficam com um ar considerado «alternativo».
É verdade que o hábito de pintar cabelos vem da Antiguidade, mas a sua massificação, nos Estados Unidos, data apenas da década de 50 do século XX. Até aí, quem o fazia era considerada «aventureira».
Vai-se instalando agora a tendência inversa, por uma questão de princípio – uma nova forma de afirmação de poder por parte das mulheres. E, neste momento, já se vê muitas mais com o cabelo grisalho ou branco do que há alguns anos.
Sem considerar que se trate de uma questão de primeira importância (ou fracturante...), acho-a pertinente. Por que razão é que metade da humanidade se sente forçada a fingir o que não é (mais nova, neste caso) para competir com a outra metade? Claro que cada um pode – e deve – adoptar o visual com que se sente melhor, tendo em conta os seus próprios gostos e condicionalismos pessoais. Mas para competir com o sexo oposto? Ou para o «conquistar»? Até quando?
Por outro lado, como se vai vivendo cada vez até mais tarde, talvez seja tempo de ganhar algum sentido do ridículo. Cabeças negras, ruivas ou louríssimas em corpos que por cá andam há demasiadas décadas é contra-natura e chega por vezes a ser um pouco obsceno...
Há também homens que pintam o cabelo? Certamente, nomeadamente no mundo do espectáculo. Mas, de um modo geral, troça-se dos outros que o fazem. Se Cavaco ou Sócrates aparecessem amanhã sem cãs seriam abertura de telejornais durante vinte minutos. (Aliás, admira-me que Vítor Constâncio escape ao gozo.)
Quanto a mim, estou na crista da onda: sem ter qualquer conhecimento destas movimentações feministo-americanas, assumi a minha cabeleira totalmente branca há dois ou três meses. E sinto-me bem. Às vezes acerta-se...
3 comments:
Cara Joana,
Concordo com o princípio da transparência aplicado ao caso, sobretudo agora que todos os dias deparo com uma madeixa mutante na minha própria pessoa. Mas admito uma outra perspectiva: a das pessoas que pintam o cabelo por razões meramente estéticas, aceitando cores que não são naturais. Confesso que, por exemplo, tenho particular carinho pelo efeito da cabeleira verde-alface da Maria José Valério... E sentir-me-ia feliz se visse o Constâncio com aquela vistosa cabeleira leonina pintada de lilás. Feliz por ele, coitado.
Certamente, Rui.
V. Constâncio lilás, Marques Mendes azul bebé, Louçã verde alface, etc., etc. Seria um excelente estimulante para esta «rentré» TÃO GRISALHA...
Acho muito bem que cada um se ocupe com o seu visual. Mais que isso, quando uma causa entra numa esfera tão privada, resulta-me tão absurda a assunção da cor do cabelo como a proibição de cortar a barba nos regimes muçulmanos mais radicais. Vou, no entanto, ficar à espera que alguém se lembre de largar uma qualquer sobre carecas. Que diabo, estas causas deixam-nos sempre à margem.
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