Morreu Ettore Sottsass, o designer e arquitecto italiano que concebeu a Valentine – uma fabulosa máquina de escrever, pequena, leve, encarnada, lindíssima – que a Olivetti lançou em 1969. Saltou por isso agora para as páginas dos jornais.
Ora eu tenho uma Valentine. Há alguns anos, inchei de orgulho quando vi uma irmã gémea exposta no MoMA de Nova Iorque. Hoje engalanei-a para a fotografia.
Faz parte das minhas brumas e das minhas memórias. Por ela, pelas suas teclas e pela fita azul e encarnada (que ainda lá está), passaram sobretudo muitos escritos clandestinos dos últimos anos do fascismo e alguns textos do PREC. Muitas vezes batidos em estêncil, que se rasgava ao mínimo descuido, ou em várias cópias, com papel químico pelo meio.
Ora eu tenho uma Valentine. Há alguns anos, inchei de orgulho quando vi uma irmã gémea exposta no MoMA de Nova Iorque. Hoje engalanei-a para a fotografia.
Faz parte das minhas brumas e das minhas memórias. Por ela, pelas suas teclas e pela fita azul e encarnada (que ainda lá está), passaram sobretudo muitos escritos clandestinos dos últimos anos do fascismo e alguns textos do PREC. Muitas vezes batidos em estêncil, que se rasgava ao mínimo descuido, ou em várias cópias, com papel químico pelo meio.
O meu filho ainda brincou com ela, os meus netos vê-la-ão como uma espécie de dinossáurio. Mas terá sempre o seu lugar nesta casa. Trabalhou muitas horas, muitas noites, escreveu muitas histórias.
2 comments:
Que belo post, Joana! A história, a verdadeira, é também feita de coisas destas, que se olham e se tacteiam, e ao mesmo tempo libertam a memória da tal bruma... Por acaso também tinha uma Olivetti que me acompanhou bastante, mas era outro modelo, menos esbelto (só me recordo que era azul-bebé e branco). Perdi-a durante uma viagem da mobília em camião TIR.
Eu também tenho uma máquina dos anos 60, azulinha, onde escrevi muitas das minhas coisas da juventude. Há dias fui buscá-la a casa do meu pai onde passou os últimos anos.
Quando caminhava com ela na mão, já perto de casa, depari com uma outra máquina de escrever abandonada por alguém que desconheço.
Trata-se de uma Olivetti com a minha idade, fabricada em 43 ou 44, pesadíssima no seu ferro maciço como só se vê nos filmes.
Cheguei portanto a casa com uma máquina de escrever em cada mão, eu que já não tocava numa há anos.
Há coisas fantásticas não há...
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