28.3.08

O que é de César

O DN de hoje revela reacções da Igreja às iniciativas legislativas do BE e do PS em matéria de divórcio.

Acusações de «facilitismo», de o Estado não «defender a união entre as pessoas», de se «armar o desejo em lei», de só se pensar «na liberdade do que se quer divorciar» e não na do outro, de «sentimentalização excessiva do amor» (!...).

Apenas uma pergunta.

Por que razão se mete a hierarquia da Igreja onde não é chamada? Ela que não reconhece o casamento civil, que o condena, ao ponto de vedar aos que por ele optam o acesso pleno às suas liturgias, vem agora defendê-lo? Sim, porque, para quem não saiba ou não se lembre, um par que não se tenha casado no altar vive «amancebado» e não pode, por exemplo, comungar nas missas. Eu sei que há hoje quem não ligue a estas minudências e não as respeite, mas as posições oficiais e públicas, os «códigos penais» da Igreja não mudaram. E é de legislações que estamos a falar.

Portanto, senhores dos púlpitos, não metam a foice em seara alheia. Deixem-nos, por favor, viver laica e responsavelmente as nossas vidas.

2 comments:

Anónimo disse...

E por acaso a igreja deve ser impedida de se expressar ? Para as Joanas deste mundo a democracia é algo que só a elas próprias diz respeito. Já agora por coerência deve omitir qualquer comentário relativo á igreja visto que é ateia, agnóstica ou que quer que seja e nada tem a ver com a igreja.

Joana Lopes disse...

O cidadão Carlos de Azevedo, por exemplo (foi ele que fez parte destas afirmações) tem todo o direito de as expressar, como eu ou flx. Mas D.Carlos de Azevedo, como bispo da Igreja, não deve pronunciar-se sobre uma questão legislativa do governo, num estado laico. Como o primeiro-ministro não deve emitir opiniões sobre o cerimonial do baptismo cristão, qualquer que seja a opinião do cidadão José Sócrates.