25 de Abril de 1975, Gulbenkian, noite de balanço das eleições para a Assembleia Constituinte. Diálogo entre um jornalista e Otelo Saraiva de Carvalho:
- Que tipo de socialismo preconiza para Portugal?
- Um socialismo português. Com que elementos? Pois, é uma salada.
- Mas o almirante Rosa Coutinho referiu-se aos modelos argelino, peruano, cubano, jugoslavo.
- É isso a salada... (*)
A salada cá está e continua portuguesa, mas com outros ingredientes – para o bem e para o mal.
Uma direita em versão trágico-cómica, um PS que não sabe o quê nem como (Largo do Rato, Is anybody there?), uma «esquerda» enredada entre glórias do passado e cálculos de futuro, um Presidente da República armado em porta-voz de agência de sondagens. Tudo na maior das normalidades que o povo continua sereno.
Melhor, muito melhor do que «dantes»? Certamente. Viemos de longe, de muito longe, o que nós andámos para aqui chegar. Talvez trinta e quatro anos sejam poucos.
E no entanto, ainda assim... Houve talvez aqui alguém que se enganou.
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(*) A. Gomes e J. P. Castanheira, Os loucos dias do PREC, Expresso / Público, Lisboa, 2006, p. 91.
2 comments:
Boa tarde Joana,
"" A esquerda enredada " aque se refere é o PC e o BE ?
Mas ain da considera de esquerda partidos como o PC que apoiam tudo o que é ditadura pelo mundo fora ?
Há que ter coragem e considerar que hoje, como obntem ( Budapeste, Praga, etc ) o PC é uma força conservadora e o projecto político dos PC's está moribundo.
Cumprimentos
António,
Não entrei por aí, porque não era essa a intenção do «post». Mas vou corrigir e pôr esquerda entre aspas.
Obrigada.
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