Emancipação das mulheres? Sim, mas...
É verdade que a liberdade sexual foi reivindicada até à exaustão e que elas tomaram consciência do sexismo de que eram vítimas.
Sem dúvida que foram lançadas sementes para que viesse a surgir o MLF («Mouvement de la Libération des Femmes») e a segunda vaga de feminismo nos anos 70, sendo então que as mulheres tomaram verdadeiramente consciência de que teriam de ser elas a tratar da sua própria emancipação.
Mas, nas utopias da França de 68, esperava-se que os problemas femininos acabassem juntamente com a derrota do capitalismo.
Entretanto, os heróis – de Che a Mao – eram exclusivamente masculinos. Nas ruas, nas escolas e nas fábricas, eram os homens – e só eles – que chefiavam, que asseguravam os serviços de ordem. A distribuição de tarefas, em todos os domínios, era bem clara: eles escreviam os textos, elas passavam-nos à máquina; eles discutiam horas a fio, elas ocupavam-se das refeições. Eles aceitavam mal que elas passassem noites nas fábricas, mesmo que fossem operárias.
Melhor dizendo:
«Mon mec c’est un grand militant, il donne tout son temps à la révolution et moi je lui donne tout le mien.»
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Fonte : Yannick Ripa, La déception des «filles de Mai», in L'Histoire, nº 330, Avril 2008, pp. 47-48.
2 comments:
Cara Joana,
Estou muito de acordo com o que diz, mas...havia também heroinas de referência e referenciadas, como Rosa Luxembourg, Clara Zetkin, as novas feministas americanas (Kate Millet, entre outras)e, mesmo em França, Simone de Beuvoir era já uma "star", malgré Jean Paul.
E havia maître Giséle Halimi, Simone Weil e, nesses idos, Claire Etchereli (ouvriére chez Renault, que tinha feiro furor com um interessante romance...).
Ressoava ainda o espantoso sofrimento da heroina da guerra de Argélia, Djamila Boupacha.
Este rosário de nomes no feminino são para contraditar o seu post?
Nada disso, somente um pequenissimo contributo, no masculino, para este debate, sempre exaltante, sobre os géneros e o seu papel na história e, no caso em apreço, na política e no Maio de 68.
Abraço,
José Albergaria
Tem toda a razão, José. Referia-me só aos «da rua» ,aos maiores entre os outros.
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