Antes do 25 de Abril, participei várias vezes em manifestações contra Cerejeira, no Campo Santana, frente à velha sede do Patriarcado de Lisboa – porque ele retirara o Pe. Felicidade Alves da paróquia de Belém, porque se recusava a tomar posição contra o encerramento da cooperativa Pragma e por outros motivos que já nem recordo. Tipicamente, acabávamos sempre refugiados no átrio ou, pelo menos, protegidos pelo gradeamento que, no passeio, rodeava a porta – reacção instantânea quando se aproximavam os tradicionais Volkswagen creme nívea da polícia.
Em 18 de Junho de 1975, já com outros ventos e muito diferentes marés, voltei ao local para protestar contra a administração da Rádio Renascença (caso que muita tinta e muitas ruas fez correr, mas de que não vou ocupar-me hoje). Houve contra-manifestantes (apoiantes do Patriarcado, com os quais o PS viria a solidarizar-se por comunicado), mas, desta vez, eu fiquei do lado de fora e foram eles que se refugiaram no átrio pare se protegerem de pedradas. Papéis invertidos, portanto. Mas garanto que não atirei nenhuma pedra.
Assim se misturam as memórias das nossas pequenas histórias.
Recordação do acontecimento e fotografia em:
(*) A. Gomes e J. P. Castanheira, Os loucos dias do PREC, Expresso / Público, Lisboa, 2006, p. 170.
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