Nuno Brederode Santos hoje, no DN:
«De Verões malditos está o meu Inverno cheio. Contudo, vivemos cada um deles com o pasmo de um apocalipse sem causas, uma praga de rãs, um ajuste de contas com deuses que não são nossos.
(...) Estamos a um ano de eleições. Há cultores da "rua" que, de há tempos, vêm reclamando - servindo-se de boas e de más razões - que ela traz consigo uma legitimidade própria, paralela à das instituições democráticas. A chamada "governabilidade" das maiorias absolutas esbarra frequentemente neste pequeno contratempo: tudo o que não se consegue fazer no Parlamento arreia os cabazes na praça e o jargão de feira suburbana demonstra-nos em directo o que vale a retórica das gravatas. (...)
É certo ser esse, hoje, o discurso da pior direita. Precisamente a que não tem moral para o dizer, porque, na sua desordenada gula eleiçoeira, tanto cavalga a desordem como a reposição da ordem. Mas isso é o que sucede a quem puder jogar no preto e no vermelho: ganha sempre. Mas ganha sempre numa cor aquilo que perde na outra. Não vai longe: só dá para contar aos netos que ganhou, sonegando o outro tanto que perdeu.»
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