23.8.08

Raposas em vias de extinção?











Li e reli uma notícia do Expresso de hoje, segundo a qual um aluno passou do 6º para o 7º ano tendo chumbando a oito das nove disciplinas curriculares (só terá passado a Educação Física). Julgo ter percebido que a ideia é que seja chamado para um CEF (Centro de Educação-Formação), «onde poderá adquirir conhecimentos técnicos que lhe servirão para a vida», embora não exista qualquer garantia de que tal venha a acontecer.

Quase todas as pessoas que se pronunciaram parecem estar de acordo com o princípio, desde o Conselho Directivo, a muitos pais e professores. O secretário de Estado diz que chumbar alunos, em casos como estes, é «mandá-los para a marginalidade».

Deve estar a escapar-me qualquer coisa, mas ninguém me convence que esta é a única solução possível, muito menos a melhor ou mesmo que ela seja aceitável.

Porque das duas uma: ou o E (de educação) e o F (de formação) que podem recuperar e salvar da marginalidade não pressupõem, de todo, o mínimo de conhecimentos que um aluno adquire até ao 6º ano (e então o aluno em questão deveria poder ir para o tal Centro mesmo chumbando), ou não é o caso e então ele nunca será Educado nem Formado em coisíssima nenhuma.

Fica a pairar uma dúvida inevitável: a maior preocupação é a marginalidade ou são as estatísticas de reprovações?

6 comments:

Paulo Topa disse...

Boa noite.

Nos últimos anos, o Ministério tem lançado legislação, com boa intenção, que só em parte é aplicada nas Escolas.
A ideia de "passar" um aluno nestas condições seria que o trabalho da sua turma no ano seguinte estivesse organizado de forma a que ele pudesse continuar a trabalhar o que fazia sentido para ele. Contudo, as escolas utilizam a parte do o "passar", mas não organizam o trabalho de outra forma.
O que saberá realmente de Matemática um aluno que teve sempre negativa, a esta disciplina, desde o quinto ano e que se encontra neste momento no 9º? Será que ele percebe alguma coisa do que se passa na aula? Ou o trabalho deveria estar organizado de outra forma?

Joana Lopes disse...

Tem toda a razão no que diz, caro Paulo Topa.

Claro que reconheço que nada é fácil quando se deu, nas últimas décadas, a massificação a que asistimos no ensino. Ela foi UM BEM, era absolutamente iindispensável, mas não se pode viver eternamente à sua sombra.

Facilitismos como estes não levam a parte nenhuma.

septuagenário disse...

Quantos ex-alunos, que hoje serão engenheiros e doutores, nunca viriam a ser tal, se não fossem uns 2 pontinhos "administrativos" atribuidos com todo o entusiasmo momentâneo.
Isto que se passa hoje, talvez se possa atribuir a responsabilidade a gente que tenha beneficiado daquela tal bonificação!

Joana Lopes disse...

Sim, septuagenário, mas não pode ser só isso. É facilitismo e show off - para Europa (não) ver...

Cristina Gomes da Silva disse...

Cara Joana, este assunto dá azo (sempre deu) a longas e acesas discussões que nem sempre culminam em consenso. Mas o que me parece importante é realçar a verdadeira necessidade de "re"conquistar alguns jovens para a escola através de uma oferta de formação mais diversificada, menos escolástica, menos vazia de objectivos e conteúdos. Se o vão conseguir ou não dependerá da boa gestão e de quem gerir estes cursos (não são Centros). Para mais informação, ler aqui http://cdp.portodigital.pt/educacao-e-formacao/ensino-basico-e-secundario/modalidades-de-ensino/cursos-de-educacao-e-formacao-de-jovens/
Abraço

Joana Lopes disse...

Cristina,

Assino por baixo de tudo o que diz, mas continuo a pensar que é perverter o sistma passar de ano quem chumba em tudo. Há-de haver outra maneira de «repescar» esses jovens.

Obrigada e abraço