Para Irene Pimentel,
pelo seu livro A história da PIDE.
Mais um prémio
e mais um abraço também.
2
comments:
Anónimo
disse...
“ A História da PIDE” foi uma das minhas mais recentes leituras. Impressionou-me, antes de mais, a preocupação de rigor e a isenção asséptica de paixões.
Deixo aqui dois ou três exemplos de expressões das muitas que sublinhei, e dos comentários que deixei nas margens das páginas do livro.
1 - “ ... se houve alguns espaços de dissidência e resistência, a população portuguesa, no seu conjunto, permaneceu apática e passiva ...” (p. 535).
Esta crítica ao comportamento do “povo”, que aparece também noutras passagens do livro, é de saudar, na medida em que contraria a cultura, não só de absolvição e de desresponsabilização, mas até de bajulação daquele, que sempre foi promovida por vastos sectores da esquerda, que sempre remeteram para a responsabilidade de figuras ou de instituições, a responsabilidade pelos caminhos da história.
2 – “ ... A PIDE ajudou o regime a manter-se, assim como outros dos seus grandes pilares – a Igreja e sobretudo as Forças Armadas ... “ (p. 535).
Faltou aqui, a meu ver, referir o terceiro pilar da tríade: a Família. Deus (Igreja), Pátria (Forças Armadas) e Família – como fez questão de lembrar Silva Pais no acto da sua nomeação para director da PIDE (p. 41).
Afinal, a primeira grande escola da moral do regime era a família. Foi lá que se receberam conselhos como “ nunca te metas em política, meu filho !”. E também era vulgar ouvir dizer, “eu não me meto em política, porque tenho mulher e filhos para sustentar !” . Era este o bom povo português. O “povo real”.
3 – “ ... A PIDE era composta por indivíduos normais ... “ (p. 555)
Ficou por dizer o mesmo a respeito dos comunistas :-). Sou insuspeito no meu reparo: nunca fui do PCP e, em actividades unitárias, sempre me foi difícil lidar com o comportamento profundamente sectário dos militantes, em geral, daquele partido.
4 – “ ... a fúria sanguinária e destruidora da heresia mais diabólica que tem aparecido na face da terra depois de Cristo ... “ (Neves Graça, então director da PIDE, dirigindo-se ao Cardeal Cerejeira, a propósito do comunismo, (p. 100).
Sublinhei esta pungente declaração, porque me fez lembrar outras, de teor semelhante, escritas por alguns ex-PCs, em jeito de acto de contrição :-))).
Desculpe o abuso pelo espaço ocupado Joana. Mas o livro também é bastante grande :-).
2 comments:
“ A História da PIDE” foi uma das minhas mais recentes leituras. Impressionou-me, antes de mais, a preocupação de rigor e a isenção asséptica de paixões.
Deixo aqui dois ou três exemplos de expressões das muitas que sublinhei, e dos comentários que deixei nas margens das páginas do livro.
1 - “ ... se houve alguns espaços de dissidência e resistência, a população portuguesa, no seu conjunto, permaneceu apática e passiva ...” (p. 535).
Esta crítica ao comportamento do “povo”, que aparece também noutras passagens do livro, é de saudar, na medida em que contraria a cultura, não só de absolvição e de desresponsabilização, mas até de bajulação daquele, que sempre foi promovida por vastos sectores da esquerda, que sempre remeteram para a responsabilidade de figuras ou de instituições, a responsabilidade pelos caminhos da história.
2 – “ ... A PIDE ajudou o regime a manter-se, assim como outros dos seus grandes pilares – a Igreja e sobretudo as Forças Armadas ... “ (p. 535).
Faltou aqui, a meu ver, referir o terceiro pilar da tríade: a Família. Deus (Igreja), Pátria (Forças Armadas) e Família – como fez questão de lembrar Silva Pais no acto da sua nomeação para director da PIDE (p. 41).
Afinal, a primeira grande escola da moral do regime era a família. Foi lá que se receberam conselhos como “ nunca te metas em política, meu filho !”. E também era vulgar ouvir dizer, “eu não me meto em política, porque tenho mulher e filhos para sustentar !” . Era este o bom povo português. O “povo real”.
3 – “ ... A PIDE era composta por indivíduos normais ... “ (p. 555)
Ficou por dizer o mesmo a respeito dos comunistas :-). Sou insuspeito no meu reparo: nunca fui do PCP e, em actividades unitárias, sempre me foi difícil lidar com o comportamento profundamente sectário dos militantes, em geral, daquele partido.
4 – “ ... a fúria sanguinária e destruidora da heresia mais diabólica que tem aparecido na face da terra depois de Cristo ... “ (Neves Graça, então director da PIDE, dirigindo-se ao Cardeal Cerejeira, a propósito do comunismo, (p. 100).
Sublinhei esta pungente declaração, porque me fez lembrar outras, de teor semelhante, escritas por alguns ex-PCs, em jeito de acto de contrição :-))).
Desculpe o abuso pelo espaço ocupado Joana. Mas o livro também é bastante grande :-).
nelson anjos
Obrigada, Nelson.
Irene Pimentel lerá este seu comentário.
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