12.10.08

«Bom dia, paraíso»
















Absolutamente a não perder um texto de Nuno Brederode Santos no DN. Depois de umas férias demasiado longas para meu gosto, regressaram as crónicas de Domingo e a de hoje é uma pequena maravilha. Admito que o meu entusiasmo esteja inflacionado pela amizade que ficou do tempo em que juntos demos milho a outros pombos. Noutras eras.

«Sentei-me e, enquanto os pombos afluíam de todos os lados, pus-me a pensar, prazenteiro, na extraordinária fortuna que a Fortuna reservou à minha geração. Talvez não tenhamos sido melhores do que as outras. Mas, que raio!, investimos nas incertezas (sem qualquer pulsão de jogadores de casino); suámos brio e privámo-nos de muitos dos deleites sem alma que o quotidiano oferecia ao preço da uva mijona; e alguns - tantas vezes os melhores de entre nós - deram o sangue. Tudo isto porque - fôssemos da esquerda católica, ou da laica, ou comunistas, ou libertários - tínhamos o crânio povoado pelos fantasmas difusos, mas estimáveis, da liberdade, da igualdade, da fraternidade, do fim da exploração do homem pelo homem, das mãos dadas sem olhar a quem, do amor como irmão gémeo da razão - enfim, da vida como festa a ser fruída.(...)

A liberdade acabou feita: talvez pelo desinteresse, mas aí está. Exploração, não tem como nem para quê. E eis que a vida virou festa a ser fruída. (Ainda que um tanto à custa dos pombos.) Qual quê! Nem Criação nem Big Bang. Nem Deus nem Darwin. Viva a escola de Chicago!»

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