25.11.08

25 de Novembro (2)

Recordações da Ana Cristina Leonardo:

«No 11 de Março os cabrões do PCP não tomaram o poder por pouco; no 25 de Novembro os cabrões dos reaças tomaram o poder e pronto.»

(Leiam o resto do post.)

4 comments:

Ana Cristina Leonardo disse...

obrigada pelo link

Anónimo disse...

Eu não sou o sacana desconhecido!
Cada um tem a sua experiência. E também o seu talento para a descrever. A da Ana Cristina Leonardo não é pequeno.
No 11 de Março eu era membro suplente do secretariado do PRP-BR. Isso tinha pouco significado e não adianto mais. Passemos adiante. Sem me lembrar dos mais novos. Melhor para eles.
De manhã, nesse dia, estava em casa quando me telefonou quem não devia. Alguma coisa se passava. Pelo menos, um furinho na segurança...
Nós, direcção, nada tínhamos previsto. A esta distância e depois do que se sabe do que se sabia então, tal imprevidência é obra. Fui para a sede central do Partido, num alto andar, para a rua do Arco do Carvalhão. Sede que estava em vias de correr taipais pois que tínhamos ocupado uma outra casa nas vésperas.
.E lá fiquei, dois dias se não estou em erro, enquanto os outros elementos da direcção se agitavam por Lisboa, adentro e afora, tendo como ponto de apoio a tal casa recém ocupada. Bem, eu era mesmo um suplente ou talvez um adjunto. E apenas houve comigo um rápido contacto telefónico. Nem notícias que dessem, nem notícias que recebesse, nem orientações, muito mais importantes para mim. Não falo do que fizeram os outros elementos da direcção. Sei que a nova Sede fervilhou de gente e de movimento. Falo do que eu “não” fiz.
Pois assim, desta forma, fiquei sozinho perante o Partido. Pelo menos do que estava à distância. Dois telefones a atender em duas salas diferentes. Duas camaradas a apoiarem-me, a Luísa e a Ana. E como vigilantes e “operacionais”, para não dizer como seguranças, dois camaradas, o Miguel e o Eduardo, se não estou em erro. Estou a dizer pseudónimos.
Os telefonemas inundaram aquela casa de toques e de conversas ininterruptas. Poucas as visitas pessoais. A avalanche que chegava. Informações sobre submarinos no Algarve, barco de pesca que se propunha ir para o mar com um “canhão”, movimentos de tropas e muitas mais coisas e loisas. Mas sobretudo pedidos de orientação sobre o que fazer. E eu lá abria o jorro que partia. Vigiem isto e aquilo (esquadras não, e portanto eu não sou o tal sacana, além do mais porque não pertencemos ao mesmo partido) .Preparem concentrações, que haja mobilização. Dos trabalhadores. Mantenham as ligações partidárias ,etc.
E no dia seguinte, para me apoiar, lá foi destacado o Simões (pseudónimo). Já eu próprio tinha um adjunto ou seria um suplente ou será que éramos os dois. Não sei bem. Mas esse dia foi diferente, sem perigos que não fossem para os outros. Para os que tinham feito o 11 de Março.
No rescaldo de tal dia, na nova sede da rua Castilho, ficaram acumuladas armas perdidas em toda aquela desordem. E, claro, foram também distribuídas umas quantas por outras e variadas casas. Obrigatoriamente.
Resumindo, nesse dia, enquanto o adjunto ou suplente falava e ouvia para coisa nenhuma, os outros, esses, sim, obtinham algum resultados.
Eu também não estive à altura da Revolução. Antes tivesse falhado por assédio sexual.

Anónimo disse...

Lá por casa ficou tudo descansado.
Nós (as crianças) já não seríamos o repasto dos comunistas ;)
O militar das patilhas tinha um ar muito piroso, mas parece que nos tinha salvo. Isto é o que eu me lembro do 25 de Novembro.

Joana Lopes disse...

E pensaste que já não precisavas de apanhar mais laranjas, não?