10.2.09

A Convenção do Bloco e o debate na blogosfera – ou a ausência dele







Desde ontem, li pequenos comentários e alguns posts, longos, consistentes e importantes, sobre a Convenção do Bloco. De todas as cores e para todos os paladares – basta ver os nomes dos seus autores: Fernando P. Redondo, João Tunes, Jorge do Nascimento Fernandes, Marina Costa Lobo, Osvaldo de Castro, Paulo Pedroso, Rui Bebiano e Vítor Dias.

Mereceriam, obviamente, um debate entre quem os escreveu e outros que com eles quisesse interagir, debate esse que não existirá. Caixas de Comentários? Certamente (para já até estão praticamente vazias), mas a questão não se esgota aí. Já começaram os links (selectivos, como é hábito e normal), mas, dentro de alguns dias, estes posts estarão mortos. Haverá sempre o argumento segundo o qual o objectivo é que cada leitor reflicta e elabore a sua própria opinião sobre o que lê, mas sou demasiado gregária para que isso me satisfaça.

Tenho a sensação crescente de que os blogues individuais estão cada vez mais individualistas (passe o quase pleonasmo) e mais pesados, exactamente ao mesmo tempo que alguns dos colectivos estão a cair no extremo oposto: posts e posts de conversa entre os diferentes autores, por vezes para além do razoável do ponto de vista do leitor – mas pelo menos discutem e eu gosto.

Porque nunca achei que houvesse no meio qualquer espécie de virtude, não vejo nenhuma solução à vista. Seria necessário uma espécie de metablogue que «convocasse» os autores e lhes propusesse a participação no debate – ideia fantasista para a qual não vejo qualquer hipótese de concretização. Mas tenho pena.

13 comments:

F. Penim Redondo disse...

Já agora, também este teu modesto colega tratou do BE.
Ou fui proscrito por iconoclastia ?

Joana Lopes disse...

De todo, Fernando, e até julgo que foi dos primeiros que li. Escapou-me hoje, mas vou já pôr.

Unknown disse...

Debater acerca de organizações que não ouvem ? Encher caixas de comentários com irrelevâncias? Mais vale criar qualquer coisa.

Joana Lopes disse...

Opinião sua, caro Mário. Que outros discutam não o imperirá, certamente, de fazer coisas que considere mais importantes.

Anónimo disse...

Joana,

Blogger que ao assunto diz nada não é mais individualista que blogger que canta cantando a solo?

Um blogger individualista inconsolável por não ver aqui vertida análise e opinião sua.

João Tunes

Anónimo disse...

Confesso que prefiro discussões orais. Os textos vários são importantes para base de diálogo, como diz, mas deveriam ser seguidas por debates. Isso já tem sido feito, embora com apoio de uma estrutura qualquer. Não vejo porque há-de ser fantasista a sua ideia. É, sobretudo, uma boa proposta que será bom que alguém apadrinhe. Para deixarmos de ter pena.

Joana Lopes disse...

João, talvez veja algo do que penso sobre este assunto, não sei ainda - porque há uma regra de ouro, para mim, neste blogue: só escrever o que me apetece, quando me apetece e a mais não me sito obrigada. Mas julgo que lá chegarei, estou a deixar pousar.

Mas, já agora: o que despoletou este post foi o seu «está aberto o diálogo» (ou algo do género, cito de cor) e a convicção / certeza de que não haveria diálogo nenhum.

Abraço

Anónimo disse...

Ola Joana,

Tambem tenho pena... e a ideia não é fantasista!
Um abraço
Rosa

septuagenário disse...

...E sempre é mais uma opção de voto.
E com tambem se diz que quem não dá em novo dá em velho...!

Marina Costa Lobo disse...

Olá Joana,
Gostei deste seu post. Concordo plenamente com ele. Como fazer um meta blogue?
Até logo, Marina

Joana Lopes disse...

Obrigada, Marina.
O metablogue pode ser um blogue muito simples, criado só para a discussão deste tema (a convenção do BE e suas implicações), com duração curta definida.
Quem tivesse escrito posts sobre o assunto seria convidado a reproduzi-los nesse espaço e a comentar os posts dos outros.
Aberto também a novos posts e, obviamente, a comentários públicos em todos os textos.

Se quiser «amadrinhar» comigo a iniciativa, com a autoridade da sua competência, tomo conta do aspecto técnico e da propaganda na blogosfera. Não sei se resultaria, mas é um risco que julgo que valeria a pena ser corrido.

Sinto que me estou a meter numa eventual «alhada», mas deixo-lhe a decisão. E acho saudável que isto esteja a ser discutido a céu aberto, numa Caixa de Comentários.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Cara Joana
Só agora vi o post em que fala de uns comentários que eu fiz à Convenção do BE.
Vou tentar ser telegráfico. Primeiro acho que existência de blogs individuais e colectivos, se reparar bem, depende muito da idade dos seus autores. Os mais jovens, com um conceito de geração muito mais presente, agregam-se e propõem-nos a sua visão colectiva (de grupo) da vida: blogs colectivos. Os mais velhos, macacos de rabo pelado, já há muito perderam as suas ligações à sua geração de luta. Hoje, cada um no seu cantinho, escrevem do que gostam e das expectativas que ainda têm, já não acreditam é que a sua geração irá salvar o mundo: blogs individuais.
Por outro lado, a blogosfera é como “O Mandarim” do Eça de Queirós, podemos matá-lo sem sentirmos nenhuns remorsos. Gente pacata, que no convívio diário é só boa educação, perde as estribeiras quando se confronta com desconhecidos na blogosfera, mesmo que lhe veja a fotografia.
Posto isto, que é só uma achega, estou disponível para todas as suas iniciativas que nos ponham a trocar ideias.

Joana Lopes disse...

Nunca tinha pensado na questão nesses termos geracionais, até porque há muito mais blogues individuais do que colectivos e esses atravessam todas as camadas etárias.
São os mais velhos assim tão mais indivualistas e pelas razões que apontas? Não faço ideia, mas não me revejo muito no «boneco». O que se passa é que as gerações mais velhas ainda têm uma grande percentagem de info-excluídos que não se metem nestas aventuras blogosféricas. Vou mais por aí, mas posso estar enganada.