Li há alguns dias um texto sobre o papel que os sindicatos têm e, sobretudo, aquele que deveriam ter e ignoram, que corresponde exactamente ao que desde há muito venho a pensar sobre o assunto (*).
Em resumo e no essencial: «... apesar de passarem mais de 4 meses sobre o começo da crise, os sindicalistas continuam a escudar-se na salvaguarda de postos de trabalho (...), sem contribuírem com soluções, continuam a utilizar a bandeira do combate pós-despedimento, em vez de apresentarem propostas para manter o emprego».
Também, e ao contrário do que se passa em muitos outros países, os nossos sindicatos não se ocupam dos desempregados e, volto a citar, não «mantém um serviço de aconselhamento», não «cuidam de qualificação e requalificação profissional e da recolocação no mercado de trabalho».
Mas não só. «O mundo mudou, as indústrias mudaram, e os Sindicatos têm que mudar. Foi assim em boa parte do mundo, mas em Portugal, no sindicalismo, como nas associações patronais, ficámos agarrados ao passado.». «O problema é encarar de frente os novos sistemas de trabalho, a flexibilidade, as novas polivalências, as novas profissões, os novos horários de trabalho respeitando as cargas de trabalho, no principio de que deve ser o trabalho a adaptar-se ao homem e não o contrário».
Entre nós, estas organizações transformaram-se «na maioria dos casos, em apêndices dos partidos políticos, calendarizando as suas lutas e ou submissões, conforme os interesses destes». Causa ou consequência, o centro da questão passa certamente também por aqui.
Tudo isto me parece de tal modo evidente que só posso aconselhar a leitura do texto na íntegra. O problema é demasiado sério para que lhe passemos ao lado – o nosso interesse não é mais do que um puro dever da mais elementar cidadania.
(*) O autor do texto é António Chora, da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa e dirigente do Bloco de Esquerda.
3 comments:
Os nossos sindicalistas defendem castas superiores de indivíduos com empregos para a vida. Estão completamente defasados da realidade
Com sindicalistas destes os sindicatos não precisam de inimigos...
Por um sindicalismo de classe! –I
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