... ou eu pensaria que tinha acabado de ler a mentira do ano no DN de hoje.
Muitos já brincaram, mas esta toca-me fundo por razões profissionais passadas.
Aparentemente, quando é emitido o novíssimo Cartão do Cidadão, é consultada uma base de dados do Registo Civil onde os nomes estão escritos com a grafia vigente na data de nascimento de cada indígena. Assim, Manuel pode aparecer agora como Manoel, Lurdes como Lourdes, etc., etc. De passagem, diz-se que esta «base de dados» só existia em papel até 2006.
Acontece que a emissão do Bilhete de Identidade pelo Ministério da Justiça, com os nomes correctíssimos, data do início da década de 70 e era então motivo de orgulho mais do que justificado. Desfilavam delegações «lá de fora», que vinham tentar perceber - e, se possível, importar - a pioneiríssima aplicação.
Ainda na década de 70, estava projectada a informatização do Registo Civil e, obviamente, a sua integração com a aplicação de emissão de B.I. Diz-se hoje, na notícia em questão, que «não há cruzamento de dados entre os dois registos». Ora eu (moi, je...) participei na elaboração de uma proposta que incluía esta e várias outras aplicações... em 1976!!! Depois disso, «vivi» mais de três anos no excelente centro de informática do Ministério da Justiça, onde muitas coisas importantes aconteceram, por exemplo o processamento dos primeiros resultados eleitorais, quando ainda ninguém sonhava fazer apuramentos paralelos.
Mais de trinta anos depois, lê-se uma notícia destas? Com crises, sem crises, nem sei quantos governos depois? Sinto que estou a ter alucinações – não há outra hipótese.
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