Segundo The Guardian de hoje, as crianças do Reino Unido deverão sair da escola primária a saber lidar com blogues, podcasts, Wikipedia e Twitter como fontes de informação e de comunicação. Também, a saber escrever correctamente, à mão e em teclados, e a usar um corrector de ortografia. (Lê-se, à cabeça da notícia, que tudo isto acontecerá em detrimento de outras aprendizagens – por exemplo que deixará de se estudar a II Guerra Mundial ou a época vitoriana. Com mais atenção, percebe-se que é dada flexibilidade aos professores para decidirem quando ensinam o quê.)
Que estas ferramentas tecnológicas estão aí, com uma expansão impressionante, e que é normal que as crianças as dominem, parece indiscutível. Blogosfera e Twitter são hoje indispensáveis para muitos milhões de utilizadores activos e outros tantos de consumidores passivos.
Vem isto também a propósito do que Miguel Esteves Cardoso diz hoje no Público:
«Os blogues estão para os tuitas como os grandes clássicos da literatura para os jornais: parecem longos e difíceis mas têm uma dignidade marmórea que o tempo vai polindo com cada ano que passa.»
Mais ou menos de acordo com a primeira parte da frase, muitas dúvidas quanto à segunda. A cada dia que passa, aumenta em mim a sensação de que a blogosfera, tal como a usamos hoje, não vai necessariamente manter a sua «dignidade marmórea». Isto de armarmos em comentadores sistemáticos de tudo e de todos, jornalistas amadores ou ensaístas mais ou menos elaborados, irá continuar por muito tempo? E os passivíssimos leitores continuarão por aí sem deixar rasto? Nem sei bem porquê, mas olho com uma estranheza crescente para toda esta realidade.
3 comments:
curiosamente hoje foi-me oferecido um curso de office ou qualquer coisa assim no trabalho. isto depois de ter começado o blogue no wordpress (sem que tenha muito tempo por aí além para estudar aquilo tudo).
quanto ao curso office só o farei por serem horas de trabalho pagas em que estou a aprender e obter uma qualificação certificada.
o blogue depois do twitter é mais um ID porque os bitaites esses é no twitter, no meu caso certamente com mais audiência...
Um comentário só ao "entre parêntsis":
Não li "The GUardian" nem, muito menos, li a estruturação britânica do ensino. Mas alarma-me que, no período de menos de um ano, venham informações do reino de Sua Magestade com indicações de apagamentos planeados da memória de factos recentes que deviam permanecer como marcos de aviso contra eventuais novos acessos de loucura e de totalitarismo por parte da Humanidade: primeiro, retirar a referência ao Holocausto, para apaziguamento das diatribes iranianas; agora, a remoção da história da II Guerra Mundial, para permitir melhor formação nas áreas da comunicação.
Cuidado, Jorge: não me lembro onde, mas li desmentidos quanto à retirada do estudo do Holocausto dos programas de ensino.
Também no caso que aqui refiro, se se ler cuidadosamente The Guardian (e não só as primeiras linhas da notícia, nem, sobretudo, a mesma digerida pelos jornais portuguese), percebe-se que não se trata de retirar nada - muito menos por causa das tecnologias.
Tiram-me do sério os argumenos de ataque às TIC em nome das «humanidades» - como os do A. Barreto contra o Magalhães!
Ocupem-se menos de futebol e haverá tempo para tudo o resto!
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