7.5.09

«i» por enquanto não se entranha, mas talvez...














As primeiras reacções ao novo jornal denunciam a falta de notícias. Mas «ninguém paga para conhecer o que já sabe», avisa Martin Avllez logo à partida e toda a concepção do jornal parece ter esta premissa no horizonte. Ou seja, assume-se, até certo ponto, que o público-alvo do «i» já foi informado (por jornais, rádio, televisões, internet, sms...) e que procura outra coisa. Uma ideia interessante, à partida. Mas encontra-se o quê exactamente? É cedo para tirar conclusões, mas 72 páginas, com textos por vezes longos, podem ser uma dose diária um pouco violenta para os leitores e, certamente, um ritmo difícil de manter por parte da redacção – independentemente da qualidade dos conteúdos.
Sobretudo porque os objectivos são no mínimo ambiciosos: «devolver a agressividade que os jornais diários perderam, a profundidade que os semanários esqueceram e a sofisticação que as revistas procuram» – o tal ovo de Colombo que afinal todos gostariam de descobrir, não?

2 comments:

José de Sousa disse...

Talvez! Eu prestei pouca atenção ao 1º número. Desde há bastantes anos que sou intoxicado diariamente pelo Público e é preciso ter muito saúde para resistir, mas há uma coisa de que eu tenho a certeza: uma parte da minha tensão arterial deve-se à sua leitura. E também da minha possível irritabilidade.
Tentei o DN. Sem resultado. Aquele Público fazia-me falta como uma droga. Até, a mim, a mim mesmo que não o lia com uma boa atenção e ia fazendo mais o que me era agradável e até mesmo possível. No tempo disponível, pouco comigo por não saber dispor coisas nesse espaço que se vai abrindo e logo fecha.
Havia lenitivos, a Teresa de Sousa, o Almeida Fernandes, o Rui Tavares, o homem do Gato Fedorento, o cartunista, o Vasco, muitas vezes, e às vezes o moralista Barreto...
Li hoje com mais atenção o novo jornal. E merece que se vá apreciando um jornal que é dirigido por quem redige o editorial de hoje. Poderá estar enganado no que diz, mas aquele editorial está longe das habituais porcarias e parece confirmar as boas intenções afirmadas na primeira hora.
O jornal parece-me equilibrado, com um bom doseamento do que tem ou não importância, com um esforço para pensar, para mostrar e não para farolar ou apregoar à boa maneira de um feirante etc. Não adianto mais o comentário.
Sei que vou continuar a lê-lo. Não esperando o que propõem ambiciosamente, como tu observas, mas apenas alguma coisa que seja melhor do que anda por aí. E no dia em que se entranhar mesmo e que eu deixe de comprar o Público farei uma Festa. De cura, de desintoxicação. E de recusa a quem me serve, sabendo-o, um mau produto. Produto de uma manipulação que aparece até sem cuidados ou recatos.
O Pública, como que em decadência, entrou na "vida" e vai mostrando bem o que propõe vender.

Um abraço

José de Sousa disse...

Ao folhear o jornal de hoje, fiquei com vontade de dar o dito por não dito.
Os números de Sábado e Domingo, por terem exigências próprias, com os olhos e a bolsa abertos para uma "outra" clientela, prestar-se-ão ainda a "mostrar" o que pode vir a ser um jornal nascente?
Duvido pouco que sim, mas ainda vou esperando.