
«Todavia, no presente, em cada presente, para muitos dos que aguardam uma salvação materializada na remissão do oprimido, e até que outro marco milenar o substitua, Outubro permanece como sinal sagrado de um desejo e de uma possibilidade. Como estrela que orienta a travessia nocturna de um inóspito deserto. Para quem desta forma alguma coisa espera do mundo e do tempo, os monstros que a sua materialização a certa altura produziu afiguram-se apenas como erros menores, desvios de percurso, pausas antes do retomar da caminhada. Para os outros, que olham para trás apenas na medida do indispensável mas acreditam ainda e sempre na aventura do possível, tratam-se de ilustrações em páginas incómodas mas provavelmente viradas.»
Rui Bebiano,
Outubro, pp-99-100
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