«Se a Esquerda é projecto, ela tem de constituir um sistema de ideias, que só o será se existir um critério (ou critérios) que o estruture(m). As ideias poderão ir evoluindo - pois não só o debate não tem fim, como ir-se-á modificando o contexto em que ele decorre -, mas aquilo que as liga e interrelaciona, que as estrutura enquanto projecto, terá de manter-se constante. Será pois parte da ideia de Esquerda e não as ideias que a subconstituem. Para não me alongar demasiado, exemplifico: o critério de emancipação, ou de “libertação”, se preferirem. Ao pronunciar-se sobre tudo - e a Esquerda tem de pronunciar-se sobre tudo -, parece aceitável que o conceito de emancipação deverá ser um elo de ligação permanente entre todas as ideias do sistema. O que já não é indiscutível é o próprio conceito de emancipação, que, ele próprio, para ser “operacional”, merecerá discussão, elaboração, “aperfeiçoamento”. Em termos ideais, dir-se-á que é emancipador tudo o que aproxime um indivíduo do ser responsável que “teoricamente” é. Será pois emancipador tudo o que tenda a reduzir os constrangimentos sociais, económicos e culturais que limitam a liberdade de escolha ou decisão do “indivíduo em sociedade”.»
João Martins Pereira, No Reino dos Falsos Avestruzes, p.104
João Martins Pereira, No Reino dos Falsos Avestruzes, p.104
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