Morreu hoje com 87 anos. Desaparece assim mais um «fazedor» de história, ímpar na sua espécie, que começou uma longa caminhada aos 25 anos e só parou verdadeiramente quando a doença o travou.
O seu nome ficou principalmente ligado a duas acções espectaculares – em 1961, o desvio de um avião da TAP que partira de Casablanca e que foi utilizado para lançar sobre Lisboa cerca de 100.000 panfletos contra o regime de Salazar e, em 1967, o assalto a uma agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, com vista à obtenção de fundos para financiamento das acções da LUAR, de que foi fundador.
Pelo meio, prisões e fugas mais ou menos rocambolescas e a saída de Caxias em Abril de 1974.
Romântico? Aventureiro? Revolucionário ingénuo? Certamente, mas não só. Talvez a morte lhe faça justiça e alguns se encarreguem de estudar, com mais rigor, o seu papel e a sua influência nas últimas décadas da resistência à ditadura. Porque foi com o aparecimento da LUAR que se pôs pela primeira vez, para muitos, a questão de «sair» dos métodos clássicos de intermináveis discussões ideológicas como único meio de oposição á ditadura – estou entre esses muitos. A ARA e as Brigadas Revolucionárias só nasceriam uns anos mais tarde. Seja como for, está por mostrar e demonstrar o papel que estas três organizações tiveram na luta contra o marcelismo - marginalmente, e a título de mero exemplo, «desnortearam» a PIDE, psicológica e organicamente preparada para combater o PCP e afins. Mas um dia essa história será feita.
1 comments:
Sim Senhor, SENHOR mesmo!
Lutou, Fez, e Pagou.
Mas não engordou após 74.
MUITO sentidos pesames.
A BOA História está a cabar. Este foi mais um.
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