«Se nós somos “os chineses do Ocidente”, nem um pouco nos assemelhamos aos japoneses. É porque não conhecemos o vazio nem por ele nos sentimos atraídos.
Há talvez uma barreira que contribui para isso, a fascinação-repulsa que sentimos pela ausência. A ausência não é o vazio, contraria-o mesmo, em certo sentido. A ausência diz-se de uma presença, enquanto o vazio não se reporta a um cheio. O vazio é primeiro, está aquém da ausência de tudo. Quando toda a presença desaparece e deixa de haver lugar a preencher por uma coisa, então surge o vazio primordial, de onde sairão as forças para, precisamente, criar, agir, pensar. Do vazio nascem os pensamentos únicos, nunca anteriormente pensados, como dele nasce a obra (eventualmente, de arte) absolutamente original. Para que ocorram, é preciso saber produzir o vazio.»
José Gil, O Medo de Existir, p. 103.
Há talvez uma barreira que contribui para isso, a fascinação-repulsa que sentimos pela ausência. A ausência não é o vazio, contraria-o mesmo, em certo sentido. A ausência diz-se de uma presença, enquanto o vazio não se reporta a um cheio. O vazio é primeiro, está aquém da ausência de tudo. Quando toda a presença desaparece e deixa de haver lugar a preencher por uma coisa, então surge o vazio primordial, de onde sairão as forças para, precisamente, criar, agir, pensar. Do vazio nascem os pensamentos únicos, nunca anteriormente pensados, como dele nasce a obra (eventualmente, de arte) absolutamente original. Para que ocorram, é preciso saber produzir o vazio.»
José Gil, O Medo de Existir, p. 103.
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