Na versão portuguesa de Le Monde Diplomatique de Setembro, Sandra Monteiro chama a atenção para «duas ideias que podem corroer as relações entre os cidadãos eleitores e o sistema através do qual se chega à sua representação parlamentar.
A primeira ideia consiste em invocar constantemente os perigos da instabilidade política e da ingovernabilidade do país a propósito de um possível resultado eleitoral que não dê a maioria absoluta a nenhuma das forças partidárias candidatas, situação que seria mais grave ainda por perspectivar a realização de um novo escrutínio num eventual prazo de dois anos e por ocorrer num período de crise. Passe-se por cima do facto de esses alertas surgirem tantas vezes na boca de quem, noutras circunstâncias, denuncia a falta de pluralidade inerente à governação em maioria absoluta e de quem parece estar convencido de que o pior da crise foi já ultrapassado (para quem?). (…)
A segunda ideia que com frequência aparece e desgasta a relação com a representação é a hipervalorização do «quem» (imagem, fulanização) e do «como» (concretização do caminho), enquanto questões verdadeiramente em debate, em detrimento do «o quê», associado a valores e objectivos sobre os quais haveria acordo. Esta ideia marginaliza as diferenças político-ideológicas que marcam as propostas, seja negando a sua existência em proveito de um falso consenso, seja sugerindo que, quando existem, são apenas o resultado de uma estratégia de campanha.»
A ler na íntegra.
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