Segundo o Público e várias outras fontes, Francisco Assis terá dito ontem a militantes do seu partido que o PS deve estar unido para derrotar Cavaco Silva nas próximas eleições presidenciais, dando o seu apoio a um candidato «seja ele qual for». E acrescentou o que é óbvio: que é necessário que a esquerda aposte numa única pessoa para que haja hipóteses de vitória.
Entendo mas discordo deste tipo de posições, sobretudo da parte de alguém com as responsabilidades de Francisco Assis que até já declarou o seu apoio pessoal a Manuel Alegre. Reforce esse apoio junto dos seus militantes, em vez de os convocar pela negativa para uma espécie de claque num desafio de futebol.
Estou farta de ver pessoas à minha volta, sobretudo socialistas, que dizem que votarão em Alegre de olhos vendados, com um sapo entalado na garganta e com dez pedras no sapato. Como se o PS não fosse o único culpado da situação que criou: desde 2006, teve mais do que tempo para preparar o caminho a um outro candidato, se não queria ver-se «obrigado» a apoiar hoje Manuel Alegre. Talvez não o tenha feito porque, até há meia dúzia de meses, se sentisse confortável com Cavaco. Mas agora que a situação parece ter mudado e que Alegre se adiantou – e bem, do seu ponto de vista – decidam-se: ou partem para uma campanha pela positiva, sem «mas» nem «apesares de», ou fazem uma triste figura, provocam provavelmente uma monumental abstenção e dão talvez uma preciosa ajuda ao que dizem querer evitar: que o doutor Cavaco fique mais cinco anos em Belém.
Diz-se que não se gosta de Alegre pelas mais variadas razões, mas sem apontar qualquer alternativa credível e sobretudo viável. Porque, no fundo, é o velho sebastianismo que vem sempre à tona: o sonho de um príncipe perfeito que ainda está para nascer, a espera pelo quinto buda que incarnará toda a sabedoria do universo. O fado.
Entendo mas discordo deste tipo de posições, sobretudo da parte de alguém com as responsabilidades de Francisco Assis que até já declarou o seu apoio pessoal a Manuel Alegre. Reforce esse apoio junto dos seus militantes, em vez de os convocar pela negativa para uma espécie de claque num desafio de futebol.
Estou farta de ver pessoas à minha volta, sobretudo socialistas, que dizem que votarão em Alegre de olhos vendados, com um sapo entalado na garganta e com dez pedras no sapato. Como se o PS não fosse o único culpado da situação que criou: desde 2006, teve mais do que tempo para preparar o caminho a um outro candidato, se não queria ver-se «obrigado» a apoiar hoje Manuel Alegre. Talvez não o tenha feito porque, até há meia dúzia de meses, se sentisse confortável com Cavaco. Mas agora que a situação parece ter mudado e que Alegre se adiantou – e bem, do seu ponto de vista – decidam-se: ou partem para uma campanha pela positiva, sem «mas» nem «apesares de», ou fazem uma triste figura, provocam provavelmente uma monumental abstenção e dão talvez uma preciosa ajuda ao que dizem querer evitar: que o doutor Cavaco fique mais cinco anos em Belém.
Diz-se que não se gosta de Alegre pelas mais variadas razões, mas sem apontar qualquer alternativa credível e sobretudo viável. Porque, no fundo, é o velho sebastianismo que vem sempre à tona: o sonho de um príncipe perfeito que ainda está para nascer, a espera pelo quinto buda que incarnará toda a sabedoria do universo. O fado.
2 comments:
Joana,
Acredito obviamente no que dizes sobre a mensagem de FA seja sincero, honesto, e com a estimável intenção de não dividir os votos à esquerda nas próximas eleições presidenciais.
Contudo, visto pelo lado do PS (eu não sou, nunca fui, nem quero ser PS), e de Francisco Assis, o que "pedes" não me parece que seja razoável, pelas seguintes razões:
Porquê "pedir" a Francisco Assis para reforçar o seu apoio pessoal a MA junto dos seus militantes? Não competia ao próprio MA procurar apoio interno no seu partido em vez de o colocar perante um facto consumado? MA não é nenhum garoto imberbe que não alcance as consequências de “cismar” o seu partido, sabendo que, p.e., o BE iria fazer dele uma bandeira eleitoral. MA conhecia perfeitamente as consequências da sua antecipada candidatura, pois até tinha a experiência das eleições passadas.
E o PS, ou qualquer outra organização partidária, pode aceitar ser deixado sem alternativa, porque um seu militante toma a decisão de se antecipar à decisão do partido? Porventura estaria MA a pensar que o seu partido não iria tomar nenhuma decisão?
E agora? Se os militantes do PS, e a sua direcção política, concluírem que o melhor candidato é outro que caminho lhe resta? Demitir-se do seu direito de escolha? Ignorar os militantes e aceitar uma posição individual? Pedir-lhes para taparem os olhos e colocarem a cruzinha?
Excelente comentário, Vítor, que me permite alguns esclarecimentos. Antes de mais, declaração de interesses: não votei Alegre em 2006 e não tenho agora esta posição porque o BE já o apoiou.
Quanto ao que dizes sobre o dever de MA ter procurado apoio dentro do partido antes de PRÉ-anunciar a sua candidatura: ele sabe há muito tempo que apoios tem e deixa de ter! Por outro lado, eu não sei que conversas teve com Sócrates antes das legislativas e se «negociaram» contrapartidas…
Por fim, a candidatura à presidência é um acto eminentemente pessoal e não partidária: a memória é curta mas, quando Sampaio lançou a sua, tinha tantos ou mais obstáculos dentro do PS do que MA tem agora. Recordaram-me isso, em pormenor, há meia dúzia de dias. E ganhou – ele e o PS!!!
No meu entender estritamente pessoal, se a direcção do PS não queria ter MA agora, poderia ter encontrado HÁ DOIS OU TRÊS ANOS alguém que fizesse o pleno, ou quase, à esquerda e que fosse «preparando» para 2011. Mas ESTE PS? Planos estratégicos a médio prazo? E à esquerda?
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