Três vozes:
1-Nuno Rogeiro, revista Sábado, 25/2, p.59 (sem link)
«Manuel Alegre não deveria, quanto a mim, preocupar-se. No fundo, Nobre nunca se posicionou na área do PS, que é berço do poeta. Parecendo mais Eanes do que Soares, e mais um mestre-escola da epopeia portuguesa do que Camões e, mais Sancho Pança que Ulisses, e mais um Almeida Santos jovem do que um Torga. Nobre não pode, não quer e não sabe jogar no tabuleiro de Alegre.»
2- Ferreira Fernandes, no DN de hoje:
«A candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República (sim, é a isso que ele se candidata) é capaz de vir a trazer para o público a discussão do regime. Ontem, à Sábado, Nobre disse: "Pertenci uns anos à causa real. Sou simpatizante." Então, está bem. Deve ser mais uma táctica dos monárquicos para resolver o problema. Com o risco de vir a ser criticado pelos seus como o maior dos "monárquicos republicanos", Nobre, se for eleito, pode ser o mais útil da causa: basta-lhe ser um péssimo Presidente para demonstrar a necessidade do Rei. Na Sábado, disse também que quer Olivença de volta. Vai, pois, opor-se ao Rei de Espanha. Não há dúvida, Fernando Nobre é mesmo monárquico: a prova é que, ainda antes de ser eleito, já se dá como prioridade atirar-se a outro monárquico.»
3- O propriamente dito, com imagem e som, aqui, num vídeo com um excerto da entrevista publicada na Sábado, 25/2, pp. 70-72.
Na versão em papel:
Sobre esquerdas e direitas: «As pessoas ainda não perceberam que o paradigma actual da sociedade esgotou esses conceitos.»
Sobre o casamento de homossexuais, fica por interrogações: «Estava no programa do Governo, este tinha toda a legitimidade. Se a palavra casamento está certa? Teria sido bom ouviria o País?»
Olivença: «Numa conversa com o Rei de Espanha, que terei enquanto Presidente, com certeza que lhe hei-de falar de Olivença, como dois seres humanos.»
É caso para dizer que só nos saem duques!
1-Nuno Rogeiro, revista Sábado, 25/2, p.59 (sem link)
«Manuel Alegre não deveria, quanto a mim, preocupar-se. No fundo, Nobre nunca se posicionou na área do PS, que é berço do poeta. Parecendo mais Eanes do que Soares, e mais um mestre-escola da epopeia portuguesa do que Camões e, mais Sancho Pança que Ulisses, e mais um Almeida Santos jovem do que um Torga. Nobre não pode, não quer e não sabe jogar no tabuleiro de Alegre.»
2- Ferreira Fernandes, no DN de hoje:
«A candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República (sim, é a isso que ele se candidata) é capaz de vir a trazer para o público a discussão do regime. Ontem, à Sábado, Nobre disse: "Pertenci uns anos à causa real. Sou simpatizante." Então, está bem. Deve ser mais uma táctica dos monárquicos para resolver o problema. Com o risco de vir a ser criticado pelos seus como o maior dos "monárquicos republicanos", Nobre, se for eleito, pode ser o mais útil da causa: basta-lhe ser um péssimo Presidente para demonstrar a necessidade do Rei. Na Sábado, disse também que quer Olivença de volta. Vai, pois, opor-se ao Rei de Espanha. Não há dúvida, Fernando Nobre é mesmo monárquico: a prova é que, ainda antes de ser eleito, já se dá como prioridade atirar-se a outro monárquico.»
3- O propriamente dito, com imagem e som, aqui, num vídeo com um excerto da entrevista publicada na Sábado, 25/2, pp. 70-72.
Na versão em papel:
Sobre esquerdas e direitas: «As pessoas ainda não perceberam que o paradigma actual da sociedade esgotou esses conceitos.»
Sobre o casamento de homossexuais, fica por interrogações: «Estava no programa do Governo, este tinha toda a legitimidade. Se a palavra casamento está certa? Teria sido bom ouviria o País?»
Olivença: «Numa conversa com o Rei de Espanha, que terei enquanto Presidente, com certeza que lhe hei-de falar de Olivença, como dois seres humanos.»
É caso para dizer que só nos saem duques!
9 comments:
Duques e... senas tristes
Depois de uns minutos de crença neste homem que considerava genuino nos propósitos , passei á desconfiança sistemática, desde logo a partir do seu envolvimento com a causa Monárquica, e assim cheguei á exasperação com esta entrevista . Não ter ideologia política é isto, é este arrazoado de ideias e delírios ?
Este homem é perigoso não por não ter partido, simplesmente porque não tem ideias e entre facilmente em delírio. Agora pergunto , por que razão O Soares o apoiaria ? Que o cidadão comum goste dele até posso compreender , agora um político , só porque quer estar contra O Alegre , e ser apoiado por quem dele, o politico , se afastou ?
Reconheço os aspectos emocionais na politica , mas tudo isto me é bastante?
Ajuda- me a pensar , cara Joana
Parabéns pelo seu blogue
Manuel Garcia Nunes
Depois de uns minutos de crença neste homem que considerava genuino nos propósitos , passei á desconfiança sistemática, desde logo a partir do seu envolvimento com a causa Monárquica, e assim cheguei á exasperação com esta entrevista . Não ter ideologia política é isto, é este arrazoado de ideias e delírios ?
Este homem é perigoso não por não ter partido, simplesmente porque não tem ideias e entre facilmente em delírio. Agora pergunto , por que razão O Soares o apoiaria ? Que o cidadão comum goste dele até posso compreender , agora um político , só porque quer estar contra O Alegre , e ser apoiado por quem dele, o politico , se afastou ?
Reconheço os aspectos emocionais na politica , mas tudo isto me é bastante?
Ajuda- me a pensar , cara Joana
Parabéns pelo seu blogue
Manuel Garcia Nunes
Obrigada pelo elogio quanto ao blogue...
Eu não «VI» M.Soares convidar FN, nem sei se é verdade o que os jornais dizem. Julgo saber, sim, que andou à procura de candidatos. Se este foi um deles...
QUE MANIA! A "CAUSA DE OLIVENÇA NÃO É MONÁRQUICA! ISSO É PRECONCEITO!!!
TEXTO DE ANÁLISE HISTÓRICA E POLÍTICA
TEXTO
(A QUESTÃO DE OLIVENÇA NUMA PERSPECTIVA DEMOCRÁTICA )(à Esquerda)
UM LITÍGIO FRONTEIRIÇO
SEMI-ESCONDIDO PELO
ESTADO PORTUGUÊS HÁ
... QUASE 200 ANOS!!!
A ROMANIZAÇÃO E O COLONIZADO
(...) os mais propensos há pouco a rejeitar a língua de Roma ardiam agora em zelo para a falar eloquentemente. Depois isto foi até ao vestuário que nós temos a honra de trajar, e a toga multiplicou-se, progressivamente, chegaram a gostar dos nossos próprios vícios, do prazer dos pórticos, dos banhos e do requinte dos banquetes, e estes iniciados levavam a sua inexperiência a chamar civilização ao que não era senão um aspecto da sua sujeição.
Tácito, político e historiador (sécs I-II d.C.). Vida de Agrícola
(Tácito, Sécs. I – II n.E.)
Carlos Eduardo da Cruz Luna
Rua General Humberto Delgado, 22 R/C
(Telf. 268-322697) 7100-123 Estremoz
LITÍGIO FRONTEIRIÇO ESCONDIDO...
COM O “RABO” DE FORA !
PREÂMBULO
Poucas histórias terão sido tão mal contadas, vilipendiadas, e ridicularizadas como a que toca ao chamado “Litígio de Olivença” (ou “Questão de Olivença”). Os dados do problema estão tão baralhados, os juízos de valor são tão díspares e disparatados, que manter a cabeça “fria” ao tentar-se estudar VERDADEIRAMENTE o problema é uma tarefa quase hercúlea.
Falar na questão de Olivença é provocar muitas vezes o riso. Se se fala nela a uma pessoa de Esquerda, ela tenderá a considerá-la uma polémica alimentada, se não criada, pelo Salazarismo, e, portanto, uma provocação ou um motivo de chacota. A este propósito, basta ver o filme “O Barão de Altamira”, obra (?) do mais absurdo preconceito, para se entender esta afirmação. Aliás, por regra, a Esquerda considera tal assunto indigno, classificando-o mesmo como manifestação de uma pretensão colonialista, o que, historicamente, não tem pés nem cabeça, pois o colonialismo, aqui é exercido CONTRA um território que deveria ser Português. Se se fala da Questão de Olivença a uma pessoa de Direita, ela dirá que Portugal já perdeu Angola, Moçambique, ... sabe-se lá que mais, e que já não há vontade, nem necessidade... nem um chefe à altura. Aqui, cita-se Salazar como modelo.
A maior parte das pessoas tem ideias muito confusas sobre a Questão , ou considera-a desprovida de qualquer interesse, ou ainda manifesta um extremo pessimismo. A ideia de que é um assunto anedótico surge mesclada com praticamente todas as anteriores opiniões citadas.
É no meio de todo este pântano desinformativo que alguém honestamente interessado no assunto se vê mergulhado. Rareia a informação objectiva.
NÃO HÁ FRONTEIRA !
E, todavia, há algo estranho em tudo isto. Na verdade, A POSIÇÃO OFICIAL DO ESTADO PORTUGUÊS NÃO MUDOU DESDE 1808-1814/15 ATÉ HOJE (2000): Olivença é considerada TERITÓRIO “DE JURE” PORTUGUÊS, ESPANHOL “DE FACTO”. Haverá afinal algo, neste caso, que não seja conhecido ?
Na verdade, há. Qualquer pessoa poderá verificar, em mapas OFICIAIS (Mapas Militares, por exemplo), que não há fronteira Internacional no Guadiana entre as Ribeiras de Olivença e Táliga (ou de Alconchel). Ela existe, mas não TRAÇADA, entre as Ribeiras de Táliga e Cuncos (próximo de Mourão), pois o Estado Português nega-se a aceitar qualquer fronteira na Região sem se resolver, de acordo com o Direito Internacional, a “Questão de Olivença”.
Não se trata de uma posição de meia dúzia de indivíduos. É a POSIÇÃO OFICIAL do ESTADO PORTUGUÊS. Ela é muito pouco conhecida, porque pouco divulgada... ainda que não seja propriamente um Segredo!
Para além dos Mapas, há alguns exemplos concretos e recentes. Vejamos!
Em 1988, o Presidente da Comissão Internacional de Limites da época (Dr. Carlos Empis Wemans) afirmava, em entrevista ao Diário de Lisboa, que a Região de Olivença obedecia legalmente à Bandeira Portuguesa, não sendo o Guadiana fronteira Internacional na Região. Portuguesa “de jure”, Olivença era espanhola por administração (ilegal), “de facto”.
Em 1994, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português vetava uma ponte “internacional” no Guadiana, entre Elvas e Olivença, no lugar da Ajuda, por considerar não poder considerar “internacional” uma ponte legalmente NACIONAL pelo facto de as duas margens do Guadiana serem consideradas território Português. Após alguns incidentes (com muita Xenofobia de algumas autoridades espanholas), o mesmo Ministério, então sobraçado por Durão Barroso, assumia a construção INTEGRAL POR PORTUGAL da Ponte (Agosto de 1994).
Em 1995, vários jornais lembravam que, POR CAUSA DA QUESTÃO DE OLIVENÇA, a Espanha não punha grandes reservas ao ALQUEVA. No mesmo ano, o jornal “Expresso” noticiava que o Estado Português, nos relatórios de Impacto Ambiental enviados para Bruxelas a propósito do mesmo Alqueva, NÃO RELACIONAVA NUNCA OLIVENÇA COM A SOBERANIA ESPANHOLA, antes a DISTINGUIA!!!
Em 1996, assinava-se um acordo para a construção de uma Ponte no já referido Lugar da Ajuda (Guadiana; entre Elvas e Olivença), de carácter MUNICIPAL e INTEGRALMENTE PAGA POR PORTUGAL, por, disse-se, NÃO PODER PORTUGAL ENVOLVER-SE EM NENHUM ACORDO QUE IMPLICASSE RENÚNCIA DE SOBERANIA SOBRE OLIVENÇA!!!
Em Outubro de 1999, o Instituto Geográfico do Exército publicava um Mapa de Portugal onde a fronteira, no Guadiana, ostensivamente NÃO está traçada. O presidente da Comissão Internacional de Limites, Dr. Júlio Mascarenhas, esclareceu a Imprensa, dizendo que a Questão de Olivença não era uma prioridade portuguesa, mas que a Região era TERRITÓRIO PORTUGUÊS ILEGALMENTE OCUPADO POR ESPANHA, e que Portugal considerava válidos os Tratados de 1815 (Viena de Áustria), decorrentes da situação criada em 1801 (Tratado de Badajoz: cedência de Olivença à Espanha) e 1807 (anulação, pela Espanha, do Tratado de Badajoz, por agressão não justificada a Portugal, em conjunto com os exércitos de Napoleão), bem como o de 1817 (aceitação total, pela Espanha, do estipulado em 1815 em Viena de Áustria).
Muito honestamente, todas estas posições, declarações, e malabarismos, levam a duas conclusões: a primeira, é a de que existe, de facto, um problema fronteiriço por resolver; a segunda, é a de que há muito secretismo, e, portanto, hipocrisia, em torno do facto.
OLIVENÇA COLONIZADA (1801? – 1936)
Após a ocupação espanhola de Olivença (1801), iniciou-se um processo de “aculturação”, que ainda mais se pareceu acelerar a partir de 1815, data em que, segundo Portugal, o território foi de novo reconhecido como legalmente Português. Em 1840, foi proibido o uso do Português, nomeadamente nas Igrejas.
Uma das maiores ironias verificou-se nas décadas de 1880/1890, quando um Professor Espanhol, após o falecimento de uma velha Mestra que ensinava a ler e a escrever em Português, tomou a seu cargo escolarizar o maior número possível de crianças oliventinas. E fê-lo. Só que, às mães que, em Português, lhe entregavam os filhos, dizia que na escola só se ensinava espanhol, e que se quisessem ensino em Português se dirigissem a Juromenha, a onze quilómetros em linha recta, do outro lado do Guadiana, onde Guardias espanhóis lhes impediram a passagem! Deste modo, ao alfabetizar-se, Olivença colonizou-se.
Nos finais do Século XIX, surgem alguns movimentos pró-portugueses no território, logo desarticulados. Alguns dos seus mentores preferiram vir para o Alentejo ou para Lisboa, vindo-se a destacar, nesta cidade, a figura de Ventura Ledesma Abrantes.
Nas décadas de 1910 e 1920, começa a circular em Olivença uma história falsa, destinada a ter muito sucesso: a de que Olivença passara para Espanha por troca com Campo Maior. Aliás, paralelamente, começou-se a propalar que a região viera para Espanha como Dote de uma Rainha. A confusão vai-se estabelecendo!
Entretanto, Táliga ou Talega, uma antiga aldeia oliventina, torna-se Concelho Autónomo.
OLIVENÇA COLONIZADA (1936-1975)
A Guerra de Espanha abriu um novo capítulo na descaracterização/colonização de Olivença. Maioritariamente progressista e Republicana, a população, logo em 1936, ficou sob domínio franquista. Alguns oliventinos forma fuzilados em Badajoz. Muitos refugiaram-se em Portugal, onde, criminosamente, as autoridades salazaristas “devolviam” os fugitivos espanhóis, sabendo condená-los assim à morte. Os oliventinos escaparam quase totalmente a esta sorte, se podiam provar a sua origem pronunciado correctamente algumas palavras em Português (a mais usada “cinza”). Em 1939/40, regressaram a Olivença, sendo então vítimas de repressão... perante a impassividade de Salazar, que proibira mesmo a um oficial português entrar em Olivença com o seu Regimento, em 1938!!!
O Franquismo levou a castração cultural de Olivença ao seu auge. Mudaram-se apelidos, topónimos, referências históricas. Falar Português era um anátema, sinal de atraso, vergonha, ignorância. As classes possidentes, muito comprometidas com o franquismo, salvo honrosas excepções, “espanholizaram-se” ao máximo, procurando estender tal atitude a toda a população. Não havia professores, funcionários, polícias, quadros, em Olivença... que nela tivessem nascido. Suspeita-se que houve mesmo algumas emigrações intencionais, embora 80% da população, mais ou menos, seja de raiz portuguesa ainda hoje. Estimulou-se o chamado “auto-ódio”. Os oliventinos passaram a orgulhar-se duma História que não era a sua, e na qual não passam afinal de presas de Guerra. Passaram mesmo a considerar a sua maneira de falar Português como um “chaporreo”, um Português incorrecto... atitude reforçada pelo facto de se tratar do falar alentejano, diferente do Português ouvido na Rádio, primeiro, e na Televis
ão, depois.
Quando economicamente a Espanha ultrapassou Portugal, reforçou-se a rejeição a tudo o que era Português. Por via das dúvidas, criaram-se imagens ultra-preconceituosas sobre o Português (miserável, pobre, bruto, agressivo em relação ao pacífico e “genuinamente” espanhol burgo oliventino, que queria roubar (!!!) a Madrid). Em resumo: um típico processo de colonização!
DIREITA OU ESQUERDA ?
Antes de se passar, porque é necessária, a uma História da “Questão de Olivença”, há, talvez, que responder desde já a uma angústia que pode assaltar neste momento um militante/activista de Esquerda: afinal, a polémica em torno de Olivença é alimentada por Democratas ou Salazaristas? A resposta nem é difícil: pelos dois... e por nenhum.
Em 1910, os revolucionários republicanos viram-se confrontados com o problema. Diplomatas espanhóis insinuaram que a aceitação da Soberania Espanhola sobre Olivença poderia facilitar o Reconhecimento do Novo Regime, o qual não se prestou a tal capitulação.
Em 1919, em Versalhes, a delegação portuguesa, dirigida por Afonso Costa, tentou que, no Tratado de paz que concluíu a Primeira Guerra Mundial, se incluísse uma cláusula a obrigar a Espanha (que nem beligerante fôra) a devolver Olivença a Portugal, o que se gorou. Entretanto, o estado Português acenava com a alternativa de um referendo na Região disputada... a que o Estado Espanhol não se dignava responder.
Nas décadas de 1920 e 1930, tanto pensadores (e políticos) democráticos como conservadores protestaram contra a situação de Olivença, nomeadamente oliventinos refugiados, com destaque para o Intelectual Ventura Ledesma Abrantes, o fundador do Grupo de Amigos de Olivença.
Ora, este grupo NÃO ERA SALAZARISTA. Pela sua Direcção passaram, de facto, algumas pessoas afectas ao Regime (que diligenciavam para que a sua actividade fosse reduzida ao mínimo...), mas também oposicionista! O presidente do Grupo em 1974 era, nem mais menos, que o PROFESSOR HERNÂNI CIDADE !!!
O Grupo de Amigos de Olivença encontrava sempre uma barreira intransponível: desde a vitória de franco em Espanha, Salazar negava-se a pressionar o Estado Espanhol, exercendo mesmo repressão sobre os que se atreviam a ser demasiado veementes em relação à Questão de Olivença.
A Associação protestava, indignada, contra a colonização e a repressão exercidas em Olivença, mas o Estado Novo nunca lhe deu ouvidos, mesmo porque a sua Política Colonialista em África não lhe permitia ser... anti-colonialista em Olivença!
É curioso ver, nos relatórios da Polícia Espanhola da década de 1950, classificando como “mação, judeo-maçónico, de inspiração inglesa (Questão de Gibraltar), oposicionista”, o Grupo de Amigos de Olivença. Diz-se mesmo que por trás da reivindicação da Cidade andam elementos próximos do... Partido Comunista!!!
Afinal, onde está a tradição Salazarista na História do Grupo?
Em 1974/75, os Serviços de Informação espanhóis começam a deixar de chamar “mações” aos Amigos de Olivença, e, num volte-face surpreendente, começam a classificá-los como... saudosistas, velhos salazaristas, conservadores! E, porque era uma intenção política e um preconceito que estava por de trás de tais afirmações, houve mesmo um Historiador Comunista Oliventino que, quiçá entusiasmado, citou vários antigos salazaristas do Grupo, mesmo quando o não eram, não hesitando, por manifesta ignorância, por neles incluir... o Professor Hernâni Cidade!!!
Em Portugal, as Movimentações Anti-colonialistas acabaram por cair numa armadilha, talvez ajudadas por insinuações espanholas: em vez de levarem o seu colonialismo até ao fim, coerentemente, passaram a considerar a Questão de Olivença como derivada do Imperialismo/Colonialismo Salazarista, INVERTENDO A REALIDADE HISTÓRICA E POLÍTICA, já que, como veremos, se estava perante um caso em que uma “parcela” genuinamente (e legalmente) portuguesa fôra (e continuava a ser) VÍTIMA DE COLONIALISMO!
Entretanto, na Direcção do Grupo de Amigos de Olivença, passavam a predominar elementos conservadores... ainda que nem sempre Salazaristas. De qualquer forma, o problema, como veremos, não reside aí, mas em saber se, de facto, EXISTE ALGUMA RAZÃO PARA A “QUESTÃO DE OLIVENÇA” SE MANTER, APESAR DE TUDO, COMO ALGO CONCRETO PARA O ESTADO PORTUGUÊS, AINDA QUE POUCO CONHECIDO!!!
È isso que vamos tentar analisar!!!
FIM 8pelo menos, se o moderador quiser, poder-se-á ficar com uma visão HISTÓRICA (por certo discutível...), mas não meramente preconceituosa de Olivença... assunto sobre o QUAL MANUEL ALEGRE JÁ SE MANIFESTOU POSITIVAMENTE!!!)
CONCLUSÃO/SOLUÇÃO (?)
A Democracia em Espanha (1975) permitiu “abrandar” a pressão sobre Olivença. E, todavia...
Todavia, não se ensinou aos oliventinos a sua verdadeira História, antes se continuou, persistentemente, a Ensinar apenas a História de Espanha. Todavia continuou-se a ensinar só o idioma castelhano. Mesmo quando se passou a ensinar algum Português, foi sempre enquanto opção, mais ou menos sentimental ou exótica, e enquanto língua estranha à região , pois não se recuperou o “falar” tradicional alentejano que ainda e teimosamente sobrevive falado principalmente nos meios rurais e por pessoas idosas... e muitas vezes “clandestinamente”...
Todavia... os textos sobre o problema da posse de Olivença estão só ao dispor de alguns, longe do Ensino... e ainda assim truncados, na versão “censurada” que a Polícia Espanhola recebia, habilmente elaborada por um pseudo historiador... ainda que, actualmente, impressa em papel de muito boa qualidade, a patrocinada por altas instâncias.
Pior ainda... toda esta “actuação” tem sido ajudada por Responsáveis portugueses, democratas e de esquerda, quase sempre de boa fé, mas que , ao caírem na armadilha de considerar a “Questão de Olivença” como um tema salazarista, fazem coro com uma administração que não descoloniza, ainda que se diga democrática, e coro também (mais irónico ainda!) com os velhos e novos franquistas!
Isto perante um Estado que se reclama anti-colonialista em Gibrlatar, mas é colonialista em Ceuta e Melilla,... e em Olivença, claro. Um Estado que agora já aceita um plebiscito em Olivença... depois de não aceitar o resultado do plebiscito de 1967 em Gibraltar (99% de votos a favor da Grã-Bretanha; 12.138 votos contra 44!)!
O que pode levar certos políticos e Estados a considerar injustos casos de colonialismo como os de Gibraltar, Malvinas, Timor-Leste, Hong-Kong, Curdistão, Tibet... e justos casos de colonialismo em Olivença, Ceuta e Melilla, Chipre... ?
Como pode um Estado (o Português!) manter um litígio, que se prolonga desde 1815, sem nunca o considerar prioridade? Como pode ao mesmo tempo protestar... e pactuar? Como pode aceitar uma solução mediante “aceitação de facto consumado” ao pé da porta... e negar tal tipo de “soluções” em todo o resto do mundo?
Por esta lógica (a do facto consumado...), por quanto tempo terá um agressor de ocupar um território para ser “desculpado” e para ser considerada válida a ocupação? Que diabo de Direito Internacional é este?
Por que razão, aproveitando a tão propalada democraticidade e abertura dos regimes “civilizados” da Europa, nomeadamente da Europa Comunitária, bem como o facto de as fronteiras não serem barreiras “físicas”, se não avança com um projecto pacífico, por exemplo, de administração conjunta da Região Disputada, com a generalização do Ensino da História e Língua autóctones e a salvaguarda de privilégios adquiridos, nomeadamente no que concerne ao nível de vida, administração conjunta durante um prazo a definir, dando-se depois resolução final ao litígio... a exemplo do que o Estado Espanhol propôs para Gibraltar?
Irão os homens e mulheres de Esquerda continuar a defender posições historicamente erradas, politicamente “correctas”, socialmente (?) apreciadas... pactuando com uma situação colonial e de desrespeito pelo Direito Internacional, ao lado, nomeadamente, de pensadores franquistas? Ou terão a coragem de, pela primeira vez, tentarem enquadrar correctamente uma solução viável para este diferendo?
Não bastará de hipocrisia? Ou não será verdade que “SÓ A VERDADE É REVOLUCIONÁRIA”?
Estremoz, 14 de Janeiro de 2000
Carlos Eduardo da Cruz Luna
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