A Costa Rica elegeu ontem uma mulher para presidente da República e do Governo, num país de regime presidencialista. Com um apelido simpático, representa um partido de centro-esquerda e é considerada grande defensora dos direitos das mulheres. Mas… é contra o aborto e não aprova o casamento gay...
Laura Chinchilla contou com o apoio de Óscar Arias Sánchez, que não pôde recandidatar-se por já ter cumprido dois mandatos - personagem de muito grande prestígio, que no final dos anos 80 se opôs firmemente a que os Estados Unidos utilizassem a Costa Rica como base para atacarem a guerrilha nicaraguense e que recebeu, em 1987, o Prémio Nobel da Paz por ter conseguido que alguns países da América Central (Nicarágua, Guatemala, El Salvador e Honduras) chegassem a acordo sobre um plano de paz que ele próprio elaborou.
Embora atingida pela crise em 2009, a Costa Rica é considerada um caso de sucesso e percebe-se porquê: além do Atlântico e do Pacífico, «entalam-na» o Panamá e a Nicarágua, vizinhos não muito desejáveis. Entre guerrilhas sandinistas de um lado e Noriegas do outro, mantém uma sólida democracia desde 1949, ano em que entrou em vigor uma constituição que atribuiu direito de voto universal aos dezoito anos (inclusive às mulheres e aos negros) e que aboliu as forças armadas. Iniciou-se então um historial de pacifismo, especialmente significativo no contexto geoestratégico em que o país se insere.
Com cerca de quatro milhões de habitantes, 96% de literacia e um terço da sua área protegida ecologicamente, está na moda como destino turístico - a sua principal fonte de receitas – e exporta sobretudo ananases, bananas (*), microships e desenvolvimento de software.
Em 2006, passeei por cinco das suas sete províncias, fiz cerca de 1.300 km por terra e por rio – num país VERDE e absolutamente luxuriante, onde se atinge facilmente 100% de humidade a que só as melhores máquinas fotográficas digitais resistem.
Ir a Tortuguero é uma experiência única. Por razões ecológicas, não é acessível por estrada mas apenas por rio, numa viagem de quase duas horas. Caminha-se por trilhos com vegetação tão cerrada que se ouve chover sem que a água chegue ao chão e é-se acordado a meio da noite por trovões e chuvadas monumentais e, às cinco da manhã, por simpáticos macacos roncadores. Por lá se vêem tartarugas – também verdes, na época do ano em que lá estive — a desovar na praia em noite de lua cheia.
Eu, que nem sou muito dada a excursões ecológicas, fiquei rendida a este país com muitos outros parques, vulcões, termas paradisíacas em cascatas a várias temperaturas, borboletas azuis e rãs vermelhas.
Dito isto, a Costa Rica é um país modesto. As estradas são más (péssimas, por vezes), a arquitectura de luxo não passou por ali, as povoações não são bonitas, as pessoas têm um ar muito simples. Visto a distância, Portugal parece um país de milionários, Lisboa é Paris quando recordada em S. José.
Um toque futebolístico no que seria o paraíso visual para qualquer sportinguista: foi em Tortuguero que vi, na final do campeonato do mundo de 2006, a celebérrima cabeçada de Zidane. Pareceu-me que até os macacos roncaram então com mais força!...
(*) E também plátanos, João! :-)
Laura Chinchilla contou com o apoio de Óscar Arias Sánchez, que não pôde recandidatar-se por já ter cumprido dois mandatos - personagem de muito grande prestígio, que no final dos anos 80 se opôs firmemente a que os Estados Unidos utilizassem a Costa Rica como base para atacarem a guerrilha nicaraguense e que recebeu, em 1987, o Prémio Nobel da Paz por ter conseguido que alguns países da América Central (Nicarágua, Guatemala, El Salvador e Honduras) chegassem a acordo sobre um plano de paz que ele próprio elaborou.
Embora atingida pela crise em 2009, a Costa Rica é considerada um caso de sucesso e percebe-se porquê: além do Atlântico e do Pacífico, «entalam-na» o Panamá e a Nicarágua, vizinhos não muito desejáveis. Entre guerrilhas sandinistas de um lado e Noriegas do outro, mantém uma sólida democracia desde 1949, ano em que entrou em vigor uma constituição que atribuiu direito de voto universal aos dezoito anos (inclusive às mulheres e aos negros) e que aboliu as forças armadas. Iniciou-se então um historial de pacifismo, especialmente significativo no contexto geoestratégico em que o país se insere.
Com cerca de quatro milhões de habitantes, 96% de literacia e um terço da sua área protegida ecologicamente, está na moda como destino turístico - a sua principal fonte de receitas – e exporta sobretudo ananases, bananas (*), microships e desenvolvimento de software.
Em 2006, passeei por cinco das suas sete províncias, fiz cerca de 1.300 km por terra e por rio – num país VERDE e absolutamente luxuriante, onde se atinge facilmente 100% de humidade a que só as melhores máquinas fotográficas digitais resistem.
Ir a Tortuguero é uma experiência única. Por razões ecológicas, não é acessível por estrada mas apenas por rio, numa viagem de quase duas horas. Caminha-se por trilhos com vegetação tão cerrada que se ouve chover sem que a água chegue ao chão e é-se acordado a meio da noite por trovões e chuvadas monumentais e, às cinco da manhã, por simpáticos macacos roncadores. Por lá se vêem tartarugas – também verdes, na época do ano em que lá estive — a desovar na praia em noite de lua cheia.
Eu, que nem sou muito dada a excursões ecológicas, fiquei rendida a este país com muitos outros parques, vulcões, termas paradisíacas em cascatas a várias temperaturas, borboletas azuis e rãs vermelhas.
Dito isto, a Costa Rica é um país modesto. As estradas são más (péssimas, por vezes), a arquitectura de luxo não passou por ali, as povoações não são bonitas, as pessoas têm um ar muito simples. Visto a distância, Portugal parece um país de milionários, Lisboa é Paris quando recordada em S. José.
Um toque futebolístico no que seria o paraíso visual para qualquer sportinguista: foi em Tortuguero que vi, na final do campeonato do mundo de 2006, a celebérrima cabeçada de Zidane. Pareceu-me que até os macacos roncaram então com mais força!...
(*) E também plátanos, João! :-)
3 comments:
Olá Joana,
também adorei. Pura Vida! (acho esta expressão maravilhosa e que diz tudo deste país).
bjs
São
Olá, São. Já em leituras para Abril??? Sikkim espera por nós...
Bjs
Olá Joana,
ainda não ando em leituras para Abril, ando mais a arranjar "preocupações" saudáveis (?) para ocupar a mente. Mas depois terei oportunidade de lhe contar em pormenor. Acho que vamos ter algum tempo...
Bjs
São
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