Como marco para a comemoração do seu 50º aniversário, o Senegal inaugurou ontem m uma estátua gigantesca, maior que a da Liberdade em Nova Iorque e colocada no topo de uma escadaria com 250 degraus.
Neo-realista mais do que q.b., obra de coreanos que trouxeram arte e engenho e facilmente substituíram Kim Jong pela representação de uma família que mostra ter-se libertado da escravatura e do obscurantismo. Enfim, a globalização no pior dos seus esplendores.
Mil protestos não se fizeram esperar, pela exorbitância da despesa e não só: uns identificam símbolos maçónicos, os muçulmanos (mais de 90% da população), não gostam dos trajes ligeiros da mulher, as feministas reprovam que esta apareça atrás do homem…
E Lépold Senghor, sem qualquer espécie de dúvida, a dar meia dúzia de voltas no túmulo.
9 comments:
Joana, há uns meses, senti algo parecido, em Cabo Verde, ao ver a "monumental" estátua de Amílcar Cabral na Cidade da Praia (perto do Palácio do Governo, mas isolado no meio de um imenso baldio), também muito ao estilo norte-coreano.
O grande problema das "estéticas" é o q elas revelam do pensamento de quem impõe.
claro, Rui. Provavelmente, em Cabo Verde, terá sido feita por um chinês...
Joana, não sei se o seu comentário foi apenas ironia, mas fui dar uma olhada às fotos q lá tirei (estão no FB...) e reparei num pormenor de q não me lembrava de todo: o memorial foi "edificado pelo Governo de Cabo Verde com financiamento da República Popular da China" - conforme a placa no local.
Não, Rui, não era ironia, porque sei que Cabo Verde está cheio de chineses!
Nós por cá ficamo-nos pelas lojas dos 300, que agora são de 1.5 €.
Falhou aqui uma coisa neste debate: a estátua foi desenhada pelo actual presidente do Senegal e ele, ainda, exige royalties sobre as visitas turísticas ao sítio.
Outra: a estátua do Amílcar Cabral tem o tamanho natural e o homem media pouco mais do que 1,60 m. Em Cabo Verde há estátuas do período colonial bem maiores.
Ainda outra: há 10-15 anos quando não havia comerciantes chineses, muitos putos iam à escola descalços, com os livros e cadernos nas mãos ou sacos de plásticos, iguais ao do Jumbo ou Pingo Doce, após uma caminhada de 10-20 km. Hoje, todos têm uma mochilinha e uns chinelinhos...
Amílcar Tavares,
Li (onde, já não me lembro) que a estátua foi concebida por um coreano.
Amílcar Tavares, a estátua de Amílcar Cabral não tem, de certeza, o tamanho natural. Talvez não estejamos a falar da mesma, mas aquela a q me refiro tem, à vontade mais de 3 metros.
Quanto à presença de chineses, os poucos q vi em CV foi dentro de algumas das muitas lojas de produtos vindos da China. Mas vi muitos vendedores ambulantes, nas ruas e no Sucupira, a vender produtos chineses. Também a barragem do Poilão foi construída por chineses, com direito a um pagode numa das extremidades e tudo. A amiga, economista, q me acompanhou, confirmou-me a forte presença económica da China, q até é motivo de intenso debate.
E também vi, no interior de Santiago, muitas crianças, com mochilas e chinelinhos, no fim das aulas, a pé à beira da estrada.
- Referia-me à estátua que está no aeroporto internacional do Sal. Lamento o lapso.
- Sobre aquela que está na Praia, diz a filha: "Ou Cabral é uma figura nacional ou se acaba com esta brincadeira" recordando que o busto de homenagem ao pai não está colocada numa zona nobre da capital cabo-verdiana mas sim no meio de um campo abandonado. Um amigo meu diz que é o corpo de Mao Zedong com a cabeça de Cabral.
- Quanto à presença dos chineses, por aquilo que sei, é bem-vinda e nunca ouvi um "intenso debate" sobre isso. Até ver, as ofertas chinesas têm sido generosas e estruturantes: Parlamento, Palácio do Governo, a primeira barragem do país (outras estão em equação), o futuro estádio nacional...
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