8.4.10

A PIDE na rota dos ventos


Muitos se queixam de silêncios sobre o passado e do esquecimento em que caíram os ex-pides que andam por aí como se nada se tivesse passado há trinta e seis anos. Mas o que os signatários do Manifesto anti-eólicas não esperariam certamente era ver o seu texto ligado à ressurreição dessas memórias.

Mas a notícia aí está, preto no branco: o responsável, em Portugal, pelo projecto da empresa alemã ligada ao núcleo criado em Viana do Castelo, alvo das críticas do texto em questão, não aceita «comentários soezes» do alegado inspirador científico do Manifesto porque… este pertenceu à PIDE-DGS.

Fui acordada esta manhã por uma pessoa habitualmente muito bem informada, e que ria às gargalhadas com este súbito ataque industrio-memorialístico, já que o nome de Pinto de Sá nada lhe dizia e, ainda menos, o do seu (terrível!!!) livro Conquistadores de Almas, publicado há quatro anos.

É verdade: bem antes de saber o que eram eólicas para as combater, Pinto de Sá pertenceu a um grupo ml, foi preso e passou a colaborar com a PIDE - foi ele próprio que o disse no livro em questão.

Quem quiser saber mais, ou recordar o já esquecido, pode ler este texto de Rui Bebiano no velhinho Passado / Presente.
...

6 comments:

septuagenário disse...

Um dia polícia outro ladrão.

Um dia religioso outro ateu.

Um dia operário outro patrão.

É habito dizer que só os burros não mudam.

E, há muitos teimosos até ao fim.

septuagenário disse...

Um dia polícia outro ladrão.

Um dia religioso outro ateu.

Um dia operário outro patrão.

É habito dizer que só os burros não mudam.

E, há muitos teimosos até ao fim.

Joana Lopes disse...

Aqui, o que tem graça é alguém vir com o argumento em questão a propósito de eólicas!

Pinto de Sá disse...

Cara Joana Lopes,
Ainda bem que se riu da argumentação ad hominem contra o Manifesto por uma nova política energética.
Ou mais exactamente, contra um dos autores do Manifesto, eu próprio.
Mas deixe-me notar-lhe que o que o Administrador da empresa alemã ENERCON fabricante de aerogeradores, Aníbal Fernandes, disse, é falso, além de inapropriado.
Porque o que ele disse é que eu era um ex-pide/dgs que estava ligado à PIDE enquanto membro do movimento estudantil.
Que é o que diziam durante o PREC, o então m-l Aníbal Fernandes e outros maoístas agora convertidos ao gande capital sem terem precisado de apanhar uns tabefes da PIDE.
Ora a verdade é que não só eu não estava ligado à PIDE no movimento estudantil como pelo contrário por causa dele fui preso, torturado, julgado e condenado pela PIDE em Tribunal Plenário (processo-crime contra a segurança do Estado 76-A/73).
O que eu "confesso" no livro é a colaboração forçada com a PIDE quando preso por ela. Tal colaboração não é suficiente para se ser considerado pide, segundo o entendimento que tiveram os militares e os juizes que apreciaram o caso depois do 25 de Abril.
E segundo o entendimento da esmagadora maioria dos portugueses, como é evidente.
Ao contrário do que pensa, eu sabia que esses ódios reapareceriam um dia em que eu mostrasse não ter morrido. Como aconteceu.
Precisamente por isso é que publiquei o livro antes!
Saudações democráticas e cordiais!

Joana Lopes disse...

Pinto de Sá,
Bem-vindo a este blogue.
Estou a responder-lhe da Índia, com pouco tempo, mas não quero deixar de lhe dizer o seguinte: eu li o seu livro quando ele saiu, da primeira à última página, e sei portanto que não esteve ligado à PIDE antes de ser preso.
Se, neste post, o qualifiquei de «terrível» foi porquee o achei isso mesmo: humanamente terrível, não por o julgar a si pessoalmente.

E referi-o, como explico, porque há gente menos ligada a memórias, que não entendeu nada da notícia.
Cumprimentos.

Pinto de Sá disse...

Vi agora o sistema que tem na coluna da direita do blog para evidenciar os comentários.
Mas passando à matéria de facto: claro que percebi perfeitamente que o que achou terrível foi a história em si! A Joana tem nível! E depois, em quem foi católico é frequente esse interesse pela alma humana (eu nunca fui)...