21.5.10

Natal é quando um homem quiser


Teresa Venda e Rosário Carneiro, duas inefáveis deputadas independentes da bancada do PS, que devem estar tão próximas do ideário socialista como eu das convicções do camarada Kim Jong-Il, apresentaram uma complicada proposta de redução e movimentação de alguns feriados nacionais. Unicamente para permitir o aumento do salário mínimo nacional, dizem elas, sem que se perceba minimamente como e porquê.

Não entro em detalhes porque já foram noticiados, por mim podem tirar o 1º de Dezembro porque deixámos há muito de ser independentes de Espanha e já se pode comprar caramelos Solano em «El Corte Inglés». Já quanto ao 5 de Outubro, fia mais fino: quem quiser que acredite na inocência desta proposta que aparece, precisamente, no ano em que se comemora o centenário da República.

Além disso: num grande número de países europeus, 26 de Dezembro é feriado única e simplesmente para que aqueles que se deslocam para celebrar o Natal longe de casa tenham tempo de comer as últimas rabanadas no jantar de 25, sem serem obrigados a viajar, a correr, para trabalhar adormecidamente no dia seguinte. Mas elas propõem que se lhe chame «Dia da Família», talvez para que camaradas e companheiros não se esqueçam de ir manifestar pela defesa da dita cuja, à porta da Clínica dos Arcos.

Quanto a tornar móveis alguns feriados, registo o que Manuel António Pina diz, hoje, no JN: «Comemorar o 25 de Abril a 24 de Abril (e porque não o 1.º de Maio em 28 de Maio?) é, além do mais, uma ideia capaz decerto de render muitos votos.»

P.S. – A ler: este post da Palmira.
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7 comments:

Manuel Vilarinho Pires disse...

No entanto, a movimentação de feriados tem uma vantagem: é fixar o número de feriados (e, complementarmente, de dias de trabalho) todos os anos.
Decidir quantos feriados deve haver por ano, escolher os que são de manter, e instituir uma regra de movimentação para os que num ano calharem ao fim-de-semana não me parece mal, pelo menos para as pessoas tão religiosas como eu, ou que pensam que a memória das datas importantes se deve preservar cultivando os valores que lhes deram origem, mais do que instituindo feriados ou comemorações.
Quanto às pontes, não vejo que problema possa haver se a entidade patronal e o trabalhador concordarem no gozo de um dos dias de férias deste junto a um feriado, ou de lhe marcar uma falta se ele faltar sem esse acordo... é daqueles assuntos em que o melhor que o Estado tem para fazer é não existir, não se imiscuir em assuntos privados que podem ser resolvidos em liberdade entre as partes.

Joana Lopes disse...

Nada tenho contra a revisão da coisa e introdução de alterações, mas esta~proposta é canhestra, no mínimo.

No tempo das vacas (muito) gordas, quando estive em La Hulpe, até beneficiei de uma lei belga bem simpática: quando um feriado caía a um Sábado ou Domingo, somava-se um dia às férias.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Não é uma questão de simpatia, mas de fixação das regras de jogo: há um número pré-determinado de feriados por ano, e pronto! As empresas sabem com o que contam todos os anos, os trabalhadores também...

Joana Lopes disse...

Saudades do pequeno calendário da IBM?...

Manuel Vilarinho Pires disse...

Mas esse tinha um bónus: as duas pontes! ;-)

José Barroso Dias disse...

Olá Joana e Manel,
as Pontes continuam, mas o pequeno calendário teve a sua última emissão no ano passado. Este ano recebemos uma versão electrónica via e.mail.

Joana Lopes disse...

Olá, Zé,eu sei. Até pus uma foto do último na página dos IBM'ers no Facebook.
Abraço