27.6.10

Europa, «extremo ocidental da Ásia»?


 
Mas optimista afinal continua. Porque mesmo que se aceite o princípio de que o federalismo poderia ser a grande solução para os males europeus, não se vislumbra que ele esteja no horizonte em tempo próximo - e portanto útil.

Bem a propósito, leia-se o comentário de Teresa de Sousa no Público de hoje, Desordem transatlântica, sobre o comportamento da Europa na reunião do G20.
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13 comments:

Ana Cristina Leonardo disse...

joana, já mandámos tanto tempo no mundo que talvez seja chegada a vez de outros. não será do nosso tempo, mas o que me angustia é que a música é a mesma e ainda mais desafinada

Joana Lopes disse...

Também me parece que é tempo de outros mandarem e, quanto à música, pode ser que seja criada outra. É essa a minha esperança.

José Meireles Graça disse...

Há por aí uns quantos Portugueses que não vêm com bons olhos a perspectiva de Portugal se transformar no Arkansas da Europa e encaram a Europa Federal como uma construção impossível e, se temporàriamente possível, indesejável. E que nutrem pelos engenheiros de pátrias, como o Dr. Soares, um desdém difícil de verbalizar. E que acreditam que esta terra enterrada em dívidas já para além do que pode pagar durante a vida de quem está vivo, não é bem uma propriedade que os Drs. Soares, por muitos que sejam, possam alienar a uns malditos diabos estrangeiros, por muito loiros, competentes e bem-pensantes que sejam. Voilà.

ABM disse...

Devo estar a sonhar: o breve prefácio de um livro do ultra conservador norte-americano Patrick J Buchanan("Churchill, Hitler and the Unnecessary War", 2008, New York, Three Rivers Press) diz exactamente o mesmo que Mário Soares, sobre a Europa.

Deus não existe, mesmo.

Anónimo disse...

Olá,caríssima Joana Lopes: O dr. M. Soares gosta muito de cantar canções de embalar que, paradoxalmente, se convertem em cançonetas do " bandido"...Faz pena imensa vê-lo a debitar tanta insanidade. Os seus grandes " amigos " europeus - o Helmut Schmidt e o Delors- para não falar do seu archi-inimigo Giscard d´Estaing...- falam uma ou duas vezes por ano...e são todos grandes economistas. O dr. Soares abusa da facilidade e da retórica vesga e provinciana...que mina Portugal!

Um grande autor, que eu descobri, recentemente: John Jeffer- com um grande artigo sobre BP and Sado-Messochism ", onde fala da nova filosofia dos Serviços Secretos USA. É no Foreign Police in Focus, via Truthout. Com * Niet

Manuel Vilarinho Pires disse...

O Dr. Mário Soares tem razão: a Europa, ou será uma federação, ou não será Europa.
Falta-lhe tocar o lado B do disco.
A Europa nunca será uma federação, porque foi construída como um embuste por aldrabões que sempre tiveram esse fim em vista, mas sempre o esconderam dos europeus.
Enquando estiveram no leme, construiram uma Europa à sua medida, uma Europa dos políticos e não dos cidadãos, e foram-se sucessivamente aproximando do destino traçado entre si por eles para os europeus sem lhes pedir a opinião.
Agora que estão velhos e reformados, acordaram do sonho e perceberam que entragaram a Europa dos políticos aos Barroso, aos Sócrates, aos Sarkozy e às Merkls... e começaram a confessar o que antes nunca confessaram, que afinal era uma federação o que queriam construir!
Agora é tarde.
Basta olhar para o Dr. Soares: enquanto teve um formidável capital de confiança dos portugueses (não de todos, claro, mas não era necessário), não o utilizou para lhes explicar a sua visão da Europa, preferiu construí-la à socapa: agora, velho e sem charme, bem pode dizer que a Europa deve ser uma federação, que os europeus olham para os Barrosos e seus pares e fazem-lhe um manguito...
Devemos-lhe inegavelmente o facto de estarmos na Europa... mas se ele tivesse falado sempre verdade sobre a Europa, hoje podiamos dever-lhe muito mais... assim, é só isto!

Joana Lopes disse...

Não sendo tão crítica como o Manuel VP, vou no mesmo sentido: falar neste momento em federalismo parece-me uma brincadeira de mau gosto: nunca estivemos tão longe, na minha opinião.
E se MS diz que a única solução é o dito federalismo, está a afirmar que caminhamos para o abismo.

Anónimo disse...

Meus caros, J.L. e M.V.P.: Conversa muito inteligente, suave e profunda a que elaboram perante nós .O que é raro nos dias que correm...com a susceptibilidade à flor da pele ideológica de muitos...O dr. Soares fez da candidatura à CEE cavalo de batalha primordial- lembram-se?- para ter algumas hipóteses de ganhar as Presidenciais de 1986. Ele tem a " escolinha " dos sociais-democratas europeus, mas como não gosta de estudar dossiers...A " nau " foi-se aguentando devido aos cenários e efeitos económicos eufóricos transmitidos pela gestão económica de Bill Clinton e o modelo de "gouvernence" europeu criado pela dupla Mitterrand/ Khol, que faziam o que o Delors dizia. Isso vem tudo nas Memórias do pai da Martine Aubry.Lembro-me muito das imagens da Natália Correia sobre o Soares: ele é tão genuíno como o pastel-de-bacalhau e o garrafão de tinto nas romariasdizia ela. Eu ainda alimentei esperança com o consulado do dr. Sampaio- que eu esperava que fosse um PR caminhante como o Sandro Pertini- mas depressa me desiludi, claro. Bom vento! Niet

Joana Lopes disse...

Por aqui, é tudo «suave», Niet...

Eu não tiro a MS o mérito da nossa entrada na Europa, nem considero que tenha sido puro calculismo.
Mas Delors houve só um. Talvez seja esse um dos principais problemas, sem pretender endeusá-lo ou fazer tudo depender de salvadores. Mas os que se seguiram foram todos mais péssimos uns do que os outros...

Anónimo disse...

Olá, de novo: O Romano Prodi sempre tinha outra cativante forma de ser e estar em relação ao seu sucessor. O Barroso parece uma mistura entre a " malandrice " camuflada de GW. Bush e a " esperteza saloia " -bling-blang-blung - do Sarko-talonnetes...Niet

Manuel Vilarinho Pires disse...

Joana,
O problema da Europa que foi construída pelos Soares desse mundo está cristalinamente identificado no teu último comentário: não foi construída como uma Europa de cidadõas, foi construída como uma Europa de políticos esclarecidos, que nem revelaram bem aos cidadãos o que estavam a fazer.
Como os políticos fora da Coreia de Norte não são deuses imortais, acabaram por ceder o lugar a outros, aos Barrosos deste mundo, e, surpresa? Com políticos diferentes, uma Europa dos políticos resulta diferente!
Uma das pouquíssimas vantagens da democrecia sobre todos os outros regimes políticos é a resiliência da democracia à variabilidade de qualidade dos políticos: a democracia funciona melhor com políticos bons, mas funciona menos mal com políticos maus; os sistemas baseados em déspotas esclarecidos caem a pique logo que o déspota esclarecido muda.
Uma Europa de cidadãos não teria a mesma sensibilidade à mudança de lideres... nem escolheria líderes como o Barroso, aqui para nós...

Niet,
Acho que os portugueses têm duas dívidas de gratidão para com o Dr. Soares; ter conseguido instaurar a democracia em Portugal, numa fase em que sem ele a coisa podia ter corrido mal e dado para o sangrento, e, como a Joana concordou, ter concretizado o sonho de integrar Portugal na CEE.
E só por isso perdoo-lhe o facto de ter participado na construção da Europa dos políticos, que hoje não tem rumo... mas não esqueço que a Europa dos Barrosos é a obra dos Soares...

A todos,
De onde eu escrevo, não tem de se ser inteligente nem profundo, elogios com uma simpática ironia, mas só não se é suave se se for doido varrido... na Prainha, e a cumprir os desejos do nosso PR, tudo é suave...

Joana Lopes disse...

Manel,
Pondo entre parêntesis a inveja por estares na Prainha, e com Japão e Paraguai com som em pano de fundo sem conseguirem meter golo (interrompi agora para ver os penalties). Claro que estou de acordo contigo quando à flagrante «desgraça» de se ter criado e reforçado uma não-Europa dos cidadãos e a consequente dependência da qualidade dos chefes. Tenho dificuldade em imaginar o que teria sido e como estaríamos hoje se tivesse sido diferente e, ainda muito mais, em acreditar que (e como) pode ser corrigido o erro inicial. Por isso estou tão pessimista.

Anónimo disse...

Caríssimo MV Pires: Quem devia estar na Prainha, no Alvor, era eu, meu caro...Agora faz calor, mas há uma semana atràs as pessoas andavam de anorak ou sobretudo...Aqui em Stuttgart, o coração industrial da Alemanha...e da Europa. Envolto em densas matas e verdejantes vinhas, um pouco por todo o lado.E com uma rede de PME´s espalhadas de Munique a Heidelberg, o que é impressionante.
Como deve calcular, eu conheci o dr. Soares em Paris. Ele dava aulas em Rennes, e era muito " mal tratado " pelos esquerdistas de café e de cantina universitária de Paris VIII, onde o José Augusto Seabra e o José Terra davam aulas e dirigiam o Departamento de Português. Para onde foi ingloriamente convidado o dr. Soares. Mas, o sobrinho, o cineasta, era da " malta " e as coisas foram-se compondo...até ao dia em que Soares - por intermédio do Ayala, o célebre secretário do Humberto Delgado que " fugiu " de Argel para Paris...- lhe apresenta o Palma Inácio. Foi uma festa! E passaram a ser amigos e cúmplices até à morte do Palma Inácio no ano passado, que foi deputado do PS, e não só, no organigrama do partido do Largo do Rato. As minhas desavenças com o dr. Soares datam do estilo de ligeireza que ele abraçou, fazendo do PS gato-sapato para lhe alimentar o Ego...Boas férias. Niet