8.6.10

João Resina Rodrigues


Morreu há alguns dias o padre Resina. Foi meu colega em Lovaina, onde chegou depois de mim, mas já engenheiro e já padre. Conheci-o bem e recordo-o sempre com a sua proverbial e impecável discrição, modéstia e timidez. Deixo as análises e os elogios para quem com ele lidou nas últimas décadas, o que não foi o meu caso.

Doutorámo-nos na mesma Faculdade e fizemos teses em temas tão próximos (ele sobre Karl Popper, eu à volta de Rudolf Carnap), que o nosso orientador comum - Jean Ladrière, o professor mais extraordinário que alguma vez pensei que pudesse existir – se viu obrigado a evitar sobreposições. Tínhamos ambos por ele - o padre Resina e eu - uma grande amizade e uma profundíssima admiração.

Desapareceu agora o último elo que me ligava a Lovaina e à Lógica. Vítima de uma estúpida queda, segundo parece. Como poderia ser sido vítima de uma outra qualquer estupidez.

(Na foto, o Instituto Superior de Filosofia, em Lovaina)
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3 comments:

NG disse...

Vivi muitas alegrias aos fins da tarde de Domingo na Igreja do Campo Grande. Poucas pessoas me fizeram acreditar valer a pena procurar uma certa maneira de olhar para o mundo e para a morte como o Padre Resina. A notícia do seu falecimento é tão triste quanto serena.

Miguel Serras Pereira disse...

Joana,
por mim, conheci-o, teria eu dezasseis ou 17 anos, em debates organizados em salões paroquiais como o de S. João de Brito (o pároco era o "prior de Alcântara", A. Botelho…), por círculos de "católicos progressistas".
Falava com extrema inteligência e sem formalidade, e impressionou-me muito. Ao ler agora a entrevista no Público que aqui linkaste, julguei ouvi-lo de novo como nesse tempo, e esse tempo continuava a ser o de hoje ou tornar hoje, como então, o horizonte um pouco mais aberto.
Junto-me à homenagem que lhe prestas, saudando o teu belo testemunho.
Abraço para ti

miguel

Joana Lopes disse...

Nem chega a ser homenagem, Miguel - um simples apontamento pessoal...