No Algarve, comunicado de um grupo anónimo de agricultores, a propósito de alegado roubo frequente de alfarroba:
«Tolerância zero para quem der trabalho ou permitir acampamento a ciganos. Tolerância zero aos compradores que negoceiam com ciganos e produto roubado.» «Se necessário for daremos fogo às viaturas e armazéns dos infractores.»
Na longa notícia do Expresso, um dirigente da associação dos produtores de alfarroba demarca-se mas compreende, a GNR assobia para o lado: «Não temos conhecimento de quaisquer milícias, mas teremos que ver os dados para verificar se têm existido queixas-crime quanto a furtos de alfarrobas».
Mas NINGUÉM se declara interessado em identificar os autores do comunicado. Assim vamos.
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7 comments:
Joana,
Ninguém em seu perfeito juízo e minimamente honesto pode dizer que não há racismo em Portugal.
O comunicado noticiado é racista, e contém aspectos ridículos ("...quem der trabalho ou permitir acampamento a ciganos..."), mas outros que podem não ser tão ridículos assim ("...compradores que negoceiam com ciganos e produto roubado...").
Mas a notícia descreve mais do que o comunicado racista e a passividade da associação de produtores ou das autoridades perante o seu conteúdo.
Descreve também que parece haver um roubo sistemático e generalizado de alfarroba, que até chega a envolver homicídios, e que é completamente permitido pelas autoridades.
E se a exibição do racismo e da estupidez dos autores do comunicado nos merece repúdio e divulgação, mesmo se, até concretizarem alguma das ameaças, ele possa não constituir em si mesmo um crime, já a passividade das autoridades perante o roubo é um problema nosso a que devemos responder com a exigência de nos defenderem (a todos, incluindo os produtores de alfarroba) da violação do nosso património pelo roubo.
Claro, Manel, mas com isso parece a GNR preocupada: «teremos que ver os dados para verificar se têm existido queixas-crime quanto a furtos de alfarrobas».
Isso parece-te uma manifestação de preocupação?
A mim, sinceramente, não me parece preocupação. Pelo menos o grau de preocupação que a sua permissiviade sistemática com um crime que chega a envolver homicídio deveria merecer...
Claro que Portugal é um País em que grande parte da população (a sua maioria?)é racista. Se não nas práticas, pelo menos no pensamento traduzido em pequenas observações e dixotes. E quanto, a mim, é mesmo um dos mais racistas da Europa, apesar dos tais quinhentos anos de etc., etc....
Relativamente a esse roubo, parece ser uma prática algarvia recorrente e a GNR até sabe ou presume saber de quem se trata e que não é necessariamente de etnia cigana. Tive um caso semelhante há cerca de dois anos. Foi no concelho de Vila do Bispo, onde o meu pai tem um pequeno terreno de 1ha que tinha eucaliptos. Ele encarregou-me de ir ao Algarve tentar vender a madeira. Quando ali cheguei verifiquei que me tinham cortao e levado todas as árvores. Fui à GNR local e fiz queixa. O chefe disse-me que só dava se os ladrões fossem apanhados em flagrante. Disse-me ainda que era vulgar isso acontecer ali, sobretudo se se tratasse de propriedades de estrangeiros. Refeiu-me ainda que os ladrões não eram zona e deveria ser um empresário de Aljezur que comerciava lenha. Isto é, nada de ciganos.
No que respeita ao racismo especificamente orientado para os ciganos (além deste caso, muitos outros exemplos, como o da escola no Minho, no ano passado, ou o caso de hoje em Beja), parece que a Fanny Ardent terá que vir a Portugal desenvolver aqui a sua campanha (vd. http://www.coe.int/t/dc/files/pa_session/june_2010/20100622_news_ardant_EN.asp?)...
Os portugueses são todos uns racistas, mas há excepções:Eu, moi, ich, meeee!
E a prova é que eu até só compro nas feiras dos ciganos, e na loja de chinês.
E mais ninguem faz isso.
São 19:20, a Naide Gomes (São Tomé) está à frente no salto em comprimento, o Francis Obikwelo (Nigéria) qualificou-se para a final dos 100m, mas o Nelson Évora (Côte d'Ivoire) não foi ao Europeu de Atletismo por ter sido submetido a uma cirurgia.
Em Portugal pode haver racismo, mas também há raça!
E se um cigano romeno lançasse o dardo também era um herói «nosso», claro. Com nacionalidade concedida em três tempos...
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