Um relatório da OCDE, publicado há poucos dias, revela que a actual crise económica provocou uma diminuição de 6% no fluxo de imigrantes em 2008 (não é o caso para Portugal, onde os números são equivalentes aos de 2007), mas sublinha a necessidade de evitar que esta tendência, que se manterá no curto prazo, faça esquecer que esses imigrantes são indispensáveis para o crescimento e a prosperidade futuros. Daí ser necessário, por exemplo, que não haja descriminação no tratamento de desempregados comparativamente com os nativos e que não se poupem esforços para a integração de todos, nomeadamente ao nível do ensino da língua local. (Isto pensando apenas no interesse dos países que recebem...)
Apesar da diminuição da imigração em termos gerais, registe-se que não é o caso para todas as proveniências. Em 2008, a China contribuiu com 10% de todos os novos imigrados em países da OCDE – mais de 100.000 só em países europeus (número com tendência para crescer).
Não é fácil perceber como vai evoluir tudo isto, em conjunto com taxas altíssimas de desemprego e cortes drásticos de despesas para minorar deficits. Depois das flores de plástico, luzes apagadas e salões alugados em ministérios franceses, a ordem de poupança chegou agora à majestosa corte britânica. Isabel II já terá vendido uma pequena casa de campo por 1,2 milhões de euros, mas, enfim: entre os 1.400 empregados da casa real, talvez se arranje um posto de trabalho para um chinês como «contador oficial de cisnes». Mais difícil (ou talvez não…) será pô-lo a tocar gaita-de-foles, todas as manhãs, debaixo da janela da rainha.
Estranho mundo, este, que fomos «civilizando» para chegarmos ao ponto em que estamos. Nem um polvo teria sabido prever isto há dez anos, nenhum adivinhará como será daqui a vinte. Uma coisa parece certa: nada será como dantes.
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