Não sei se há alguma relação directa entre a falta de dinheiro dos portugueses para comprarem medicamentos e a transformação das nossas farmácias em drogarias de luxo, perfumarias, secções dietéticas de supermercados, lojas de brinquedos ou antecâmaras de SPA’s. O que sei é que tudo aquilo se vende e nem sequer é suportado pelo SNS!
Julgo que há certamente muita gente a cuidar das diabetes com ginseng, do reumatismo com marapuama ou a ingerir suplementos alimentares em vez de batatas cozidas.
O resultado é que duplicou o tempo de espera para comprar uma simples caixa de aspirinas, porque a farmacêutica, directora técnica encartada, passa vinte minutos a aconselhar um creme esfoliante da marca x ou um conjunto de produtos com um preço «muito jeitoso» e que «até dá um brinde».
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1 comments:
Aqui estou eu, no "Internet Cafe" da Câmara de Melgaço! ;-)
As farmácias são um exemplo acabado da aplicação do dilema economia planificada / economia de mercado.
São uma distorção de mercado com uma das legislações mais vetustas que se consegue imaginar, que não admite que uma farmácia seja propriedade de alguém que não seja licenciado em Farmácia, o que empurra muita(o)s filha(o)s de farmacêutico(a)s para as faculdades de Farmácia, ora em busca de uma licenciatura, ora em busca de um futuro cônjuge que permita manter a propriedade da farmácia na família.
A sua instalação é adicionalmente sujeita a um regime de licenciamento que restringe ferozmente a concorrência.
As razões para manter o sector ao abrigo da economia planificada são excelentes: garantir a excelência técnica da gestão do estabelecimento, garantir a existência de farmácias em zonas periféricas, garantir o aconselhamento profissional (que normalmente se concretiza em escrever na caixa do remédio a frequência de toma prescrita na receita) aos doentes, garantir a abertura fora de horas.
O resultado é que, para além do que escreves, e mesmo com notícias que anunciam que as farmácias estão a passar por um grave estrangulamento financeiro, uma farmácia de aldeia vale mais do que um solar.
Do ponto de vista da oferta...
E que os medicamentos são um pouco mais caros do que seriam se houvesse concorrência.
Do ponto de vista da procura...
Uma excelente oportunidade para reflectir sobre o liberalismo?
PS: Só nunca me aconselharam sobre um método eficaz de abrir aqueles frascos de antibiótico em que é necessário carregar na tampa... Seca!!!
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