1 - O santuário de Fátima gasta cerca de 930 quilos de farinha por ano no fabrico de hóstias. (Para chegar a este número, baseei-me numa notícia do DN e em dados da Wikipedia quanto a dimensão e peso dos dois tipos de hóstias em voga, dando até como imponderável a água que se mistura com a farinha).
2 – É tradição já antiga que, na Peregrinação do Migrante e Refugiado, em 13 de Agosto, os fiéis ofereçam farinha de trigo, precisamente para as hóstias a serem consumidas in loco. Ainda não terão sido pesadas as oferendas deixadas há dois dias, mas, em 2009, totalizaram 6.440 quilos (!!!...).
3 - Assim sendo, e estando o episcopado português tão empenhado em apelos ao combate da pobreza, sugere-se a entrega imediata de cerca de 5.500 quilos de farinha, que vão certamente sobrar e que dão para cozer milhares de pães para muitos pobrezinhos - um acto que se insere na mais perfeita tradição da caridade cristã e que nem os migrantes, nem os refugiados, nem mesmo a senhora de Fátima poderão de algum modo levar a mal.
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8 comments:
Resposta bota de elástico:
A caridade não resolve os problemas... os de fundo, porque dar uma refeição a quem não a tem resolve um problema, e grave, de fome de quem a tem.
Ou ajudar um imigrante ou um refugiado a encontrar habitação, ou trabalho, ou como resolver um problema de saúde ou de legalização.
A obra da Igreja Católica (ou dos católicos, ou de alguns católicos que não todos, obviamente) nesse domínio, é de se lhe tirar o chapéu.
Há quem olhe para ela como uma válvula de escape para perpetuar um sistema que gera miséria. Eu, que não me inibo de olhar para as coisas com algum cinismo, não consigo ser suficientemente cínico para as ver assim, e acredito que muitos católicos o façam por solidariedade e generosidade a um nível que eu não tenho e, por isso, admiro imensamente. Faço-lhes a minha vénia.
Se sobra trigo em Fátima, eu sugeriria antes que fosse distribuído pelas paróquias para fabricar as suas hóstias com trigo oferecido para essa finalidade... Boa ideia?
Sentido de humor, please...
Joana:
Soltei uma gargalhada quando te imaginei a fazer contas aos quilos de farinha... Maravilhoso! :-)
Era o último parágrafo, mas se calhar não foi assim muito bem conseguido... :-(
Pois, Manel, levei-o talvez à letra...
Miguel, mas eu sempre gostei de Matemática! :-)
Joana,
eu acho que as tuas contas não são muito rigorosas. Mas mesmo assim imagino-te de nariz empoado a fazer contas às sacas de farinha :-)
Neste artigo (http://www.paroquias.org/noticias.php?n=999) e em outros, há dois ou três aspectos que ignoras.
o primeiro é o desperdício no processo de fabrico. Se as hóstias fossem quadradas, por exemplo, o desperdício "entre hóstias" seria praticamente nulo. Mas sendo as hóstias redondas, entre cada 3 ou cada 4 hóstias tens sempre uma parte que constitui o desperdício. Como sempre gostaste de matemática, deixo-te o desafio de calculares esse desperdício,
O segundo aspecto tem a ver com controlo de qualidade: no processo de corte, há hóstias que se partem, ou que ficam com defeitos, e essas são rejeitadas. Ou seja, mais desperdício.
O link anterior refere que um pacote de 1000 hóstias custa 1600$00, o que dá para o tal milhão e meio de hóstias qualquer coisa na ordem dos 12000 euros....
Finalmente o link DN que incluiste no teu post refere que os tais 6 mil e tal kilos de farinha servem para fazer parte das hóstias. o que me leva a suspeitar que 10 gramas de pão ázimo usam mais de 10 gramas de farinha...
Ou não fosses tu!...
Não vi o teu 1º link (magnífico, dava outro post...) mas sim outros parecidos - só revela, quanto a novidade, elevadas margens de lucro na venda das hóstais.
Quanto aos desperdícios (por as hóstias serem redondas), não julgues que não pensei nisso, mas certamente que está prevista reciclagem para reaproveitamento. Idem para as que não passam no controle de qualidade.
Claro que, no DN, se diz que a farinha de Agosto não chega para as encomendas porque, no Santuário, ninguém previu que apareceria um maduro como eu a fazer as contas :-)
Mas se quiseres fazer um programita em Fortran para considerar todos estes parâmetros. chegaremos a uma recomendação de oferta aos pobrezinhos mais correcta.
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