«El Corte Inglés» distribuiu ontem gratuitamente com o Público, pelo menos em Lisboa, um verdadeiro livro de 260 páginas com a oferta de brinquedos para o Natal de 2010.
«Realizar os sonhos deles custa muito pouco», diz-se em título. Basta folhear o catálogo para perceber que não é tanto assim, mas um mergulho visual no andar respectivo do edifício do Bairro Azul, a partir das escadas rolantes que me traziam do andar superior, foi o suficiente para perceber que nem a chuva reteve em casa uma multidão de pais, avós e padrinhos, receosos de não poderem escolher antes que os stocks esgotem. Porque é mais do que garantido que nem a «Caravana super férias da Barbie», por 75 euros, nem mesmo o «Ferrari F1 carrinho de pedais», que custa 149,95, chegarão a Dezembro.
Tudo isto é absolutamente insensato, as crianças nem conseguem brincar com o que recebem, mas ninguém resiste - por mim falo. De ano para ano, a oferta cresce em espiral, as televisões bombardeiam os miúdos com anúncios (experimentem ver um canal infantil…), o que se passa hoje pouco tem a ver com a infância dos nossos filhos, mesmo que estes tenham agora apenas trinta e poucos anos.
Claro que só uma pequena percentagem da população vai ao Corte Inglés, mas o espectáculo multiplica-se por essas cidades fora, mais euro menos euro em cada brinquedo. E tudo irá parar a pequenos contentores de plástico no canto de um quarto, já a abarrotar com restos de outros natais e não só.
Realidade chocante, e sobretudo deseducativa, para gerações que terão de se habituar a viver com muito menos do que as dos seus pais e avós. Mas, no fundo dos fundos, alguém acredita realmente nisso? Claro que não!
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2 comments:
Assistimos a uma desvalorizacao total do material e apoiamo-nos simultaneamente nessa mesmíssima pertenca de forma a enganarmos a miséria em que nos encontramos. Um verdadeiro contra-senso. Se me permite, vou mencionar este seu post no meu blog.
Obrigada, Rita, ainda hoje andei pelo seu blogue.
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