16.10.10

Triste fado o nosso


Todos terão pensado o mesmo, ontem à noite e esta manhã. Como acreditar que quem não consegue cumprir a hora de entrega de uma pen vá ter sucesso no respeito de prazos e metas complicadíssimos? Há alguma explicação (que não foi dada) para que Teixeira dos Santos, disponível para discutir o Orçamento 24h por dia, passe para as três da tarde o que, pouco antes, marcou para cinco horas mais cedo, com muitas dezenas de pessoas e meios técnicos à sua espera no Terreiro do Paço? A culpa de tudo isto terá sido, uma vez mais, dos computadores? Ou virá outra versão da pen depois de almoço?

Alguém imagina uma cena destas na Alemanha? Em Inglaterra? Na China ou no Japão? No terceiro mundo... talvez.

«O psicodrama vale o que vale porque se fizermos um balanço toda a gente sabe o que vai acontecer: o que sempre tem acontecido. Isto é, o Orçamento será aprovado. Apesar dessa inevitabilidade, passamos semanas a discutir uma probabilidade inexistente. Um Orçamento a sério deveria começar por cortar na despesa dessa discussão anual e inútil. Posto esse nada de lado, há ainda o dia, como foi o de ontem, em que o Orçamento chega ao parlamento. Já veio em calhamaços, em disquetes e pens, mas há todos os anos um ponto comum: nunca chega a horas. O Orçamento pretende acertar nas mais complicadas estimativas para todo o ano seguinte, mas não consegue nunca acertar no dia de entrega... Resta este acerto: Orçamento diz-se português e é. Até mais não.»

Ferreira Fernandes, no DN.
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2 comments:

Zé dos Reis disse...

De forma nenhuma acho desculpável a novela da entrega do orçamento, que fique bem claro.
Agora imaginar uma cena destas na Alemanha, Inglaterra, China, Japão, etc, Joana, por favor, cenas bem piores acontecem nesses países, sitações que "só neste país" é que acontecem, acontecem nesses países todos. Basta ler os jornais. Os de lá, não os "de referência" portugueses que esses já perderam a vergonha à muito tempo. Acredito piamente que o orçamento alemão seja entregue a tempo e horas, assim como o inglês, mas há coisas, e muitas, que em Portugal correm bem e normalmente e na Alemanha ou Inglaterra correm "como no 3º mundo".

Joana Lopes disse...

Zé dos Reis,
Eu não disse que esses países, ou quaisquer outros, eram perfeitos. Disse que ISTO não aconteceria. E ISTO é um espelho da nossa ineficácia e da nossa desorganização, que estamos a pagar caro.