As urnas fecharam em Myanmar, às primeiras horas do dia de hoje em Portugal, nas primeiras eleições gerais dos últimos vinte anos, depois de Aung San Suu Kyi ter vencido as últimas sem que, como é sabido, tivesse ocupado o cargo que lhe era devido.
Ainda em prisão domiciliária, apelou para o boicote às urnas e parece ter sido ouvida, já que, aparentemente, terá reinado a indiferença e sido reduzida a afluência às urnas dos cerca de 28 milhões de eleitores.
Foram trinta e sete os partidos inscritos, numa aparente «democracia» para o resto do mundo ver, sabendo-se que, na prática, só contam duas formações políticas intimamente ligadas aos militares que têm dominado ferreamente o país. Sem cobertura jornalística nem observadores estrangeiros, não eram esperadas grandes fraudes eleitorais, excepto em «chapeladas» de votos se a abstenção tiver sido escandalosamente alta.
Depois de cinco décadas de ditaduras brutais, de vagas de repressões culminadas em banhos de sangue, com mais de 2.000 presos políticos, com um terço da população abaixo do limiar da pobreza, Myanmar é um país riquíssimo em recursos naturais (gás, madeiras de várias espécies, pedras preciosas de primeira qualidade, etc., etc.).
Vão libertar muito em breve Aung - «a senhora», como lhe chamam carinhosamente os birmaneses -, os militares deixam de dominar oficialmente o país, já que tiveram de despir o uniforme para poderem concorrer ao acto de eleitoral de hoje, algo está a ser feito porque é necessário romper o isolamento internacional e admitir um certo grau de liberalização económica para atrair investimento estrangeiro.
Mas o caminho a percorrer é longo e este país, lindíssimo e terrível, merece toda a atenção do resto do mundo. Estive lá há um ano e gostava de poder regressar um dia a uma terra livre, sem corrupção nem cenários de miséria gritante. Talvez.
(Fonte), entre outras.
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