5.11.10

«Nuestros hermanos» à espera do papa


Multiplicam-se as manifestações contra a visita do Papa à Galiza e à Catalunha, mais concretamente a Santiago de Compostela e a Barcelona. Contra gastos, sobre posições em termos de moral e costumes, em nome de exigências de laicidade.

Ontem, realizou-se em Santiago de Compostela uma concentração que acabou em confrontos com a polícia, outra reuniu cerca de 3.000 pessoas em Barcelona.

Muitas mais estão previstas, bem como festas (Habemus Party), encontro de mulheres «depravadas» e «pecadoras», uma conferência sobre «A Santa Máfia: o Império Económico da Igreja» e a já muita noticiada manifestação de beijos de pelo menos 500 casais hetero e hoossexuais (Queer Kissing Flashmob) . Esta última com página no Facebook, há alguns dias censurada e agora reaberta,  onde se pode ler: «Domingo 07 de Noviembre 2010 9:00 de la mañana - Plaza de la Catedral. Darse un beso durante dos minutos al paso del Papa por la Catedral. No pancartas, no banderas, no gritos, no consignas. Sólo se admiten besos.»

A plataforma «Jo no t’espero», que integra sessenta entidades, vem a preparar este conjunto de acções desde Julho e está a distribuir material de todo o tipo: panos, bandeirolas, fotografias, pins, etc., etc. Nenhum boicote previsto, apenas manifestações pacíficas.

Bem significativas, portanto, estas mobilizações de galegos e de catalães, que não tiveram qualquer contrapartida quando Bento XVI por aqui andou. Shame on us!

Diferente também a participação dos nossos queridos chefes: enquanto Sócrates assistiu à missa do papa no Terreiro do Paço, Zapatero não vai participar em nenhuma cerimónia religiosa e apenas se encontrará com Bento XVI no aeroporto de Barcelona, antes de este regressar a casa.

As diferenças que merecemos.
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4 comments:

Anónimo disse...

Pois é, prezada Joana Lopes, tem toda a razão mas talvez seja de lembrar que, certamente não por acaso,a denúncia que eu fiz, e o «entre as brumas» também, da «inauguração»(sic) por Sócrates de uma igreja em 5 de Outubro não teve praticamente qualquer eco na restante blogosfera e não interessou nem um pouquinho a imprensa.

Anónimo disse...

A minha tese de doutoramento («Portugal Europeu. Representações sociais identitárias dos Portugueses», Oeiras: Celta, 2000)
investigou esta questão e chegou a descobertas bem interessantes. Como eu esperava, com a excepçãpo da Maria de Lurdes Pintassilgo e do Boaventura Sousa Santos, foi pura e simplesmente ignorada (recalacada?).
Como não sou voluntarista nem fatalista, é interessante registrar que o resultado último do marxismo comunista foi o 'rebentar' da liberdade sexual e do consumismo burguês, assente na pilhagem colonial do mundo «não-branco»... e que os Portugueses se mantiveram diferenciados do pólo contrário (os «norte-europeus», os ingleses) afirmando como sua uma mundivivência «pacífica», feminina e infantil, a mundivivência dos «brandos costumes» afirmados pelo pai de Eça de Queiroz, muito antes da República e do Estado 'Novo'...

Joana Lopes disse...

Tem toda a razão, Vítor Dias, uns têm pouca sensibilidade para a laicidade, outros põem-ma entre parêntesis quando é Sócrates que está em causa porque o preservam sempre.

Anónimo disse...

Sim, Joana, deve ser a parte final
do seu comentário que explica que a muito falada f.(aqui não vai nenhuma alusão a vidas privadas porque eu não sou mesmo disso)conseguiu nunca escrever sobre o assunto que, em rigor,foi uma das maiores broncas dos últimos anos em termos de ofensa à laicidade em Portugal..