6.11.10

Número redondo


É um ritual de que não prescindo: recordar o frente-a-frente entre Soares e Cunhal, em 6 de Novembro de 1975, a pouco mais de duas semanas do fim do PREC. O país parou para os ouvir, durante quase quatro horas - inimaginável 35 anos depois!.

Dessa noite, ficou para a história uma frase com que Cunhal respondeu a Soares quando este afirmou que o PC dava provas de querer transformar Portugal numa ditadura: «Olhe que não! Olhe que não!»




Texto com alguns excertos do que foi dito:


De: Adelino Gomes e José Pedro Castanheira, Os dias loucos do PREC, Expresso / Público, Lisboa, 2006, pp. 382-383.
...

7 comments:

mdsol disse...

Que bom poder reler. Obrigada!

:))

Manuel Vilarinho Pires disse...

Goste-se ou não do Mário Soares, valorize-se como se valorizar tudo o que ele fez ou ainda faz de mal, isto foi uma grande lição de democracia!
E por mais que a esquerda se queixe do papel marcante dele naquilo que ela designa por contra-revolução, e que conduziu Portugal a uma democracia parlamentar e à integração na Europa, foi ela própria, e não o Mário Soares, que mostrou ao povo e ao eleitorado português o caminho a (não) seguir.

ruialme disse...

Vai passar hoje, às 21h, na RTP Memória: http://tv1.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=26912&e_id=&c_id=9&dif=tv

Joana Lopes disse...

Obrigada, Rui.

Niet disse...

Oh.eng° MV.Pires: O dr. Mário Soares-como aliàs o dr. Cunhal- cumpriram muito bem as cartilhas- I. Socialista e PCUS, respectivamente- que os formou e acabou por, fatal como o destino, separar e antagonizar. Há quem defenda, uma das teses mais consistentes, que o que estava em jogo no processo de Democratização portuguesa, dizia respeito, in fine,tão-só com a vertigem do processo de Descolonização, sobretudo no caso de Angola. O proverbial " desprezo " de Soares pelo estudo dos " dossiers " e a intransigente postura da administração USA, fizeram com que os soviéticos( e os seus aliados lusitanos) se " adiantassem " e colonizassem Angola da forma como todos sabemos, dando origem a uma guerra civil ultra-destruidora de mais de duas décadas.Niet

Manuel Vilarinho Pires disse...

Tem toda a razão, caro Niet...
Eu ainda hoje considero Angola um dos maiores escândalos do planeta, o maior império de currupção, de inequidade e de miséria forçada.
Mas, para Portugal, o povo português escolheu a democracia e a integração na Europa, e conseguiu-as, e, por mais crises que nos sacudam, foi a melhor coisa que nos aconteceu no Séc.XX e mais alguns séculos para trás...
Sem esquecer nada do que o Dr. Soares fez, por este facto faço-lhe uma vénia.
Um abraço,

Niet disse...

Caríssimo MV.Pires: Fica-lhe muito bem essa posição de classe sincera e transparente.Mas a Europa, ao contrário do que nos andou a " vender " M.Soares durante anos, era um desafio muito exigente e categórico, sem margem para facilidades ou " empreendorismos " dúbios e perversos. Helmut Schmidt e Delors insistiram por diversas vezes com Soares e o PM da altura para a carga de grande responsabilidade que Portugal contraía. Nas "Memórias" do Jacques Delors - obreiro principal da entrada de Portugal a nível da CEE de então - estão lá, preto no branco, os " avisos " que ele deu a Cavaco Silva, que tinha sido contra a entrada de Portugal anos antes." Se Portugal não gerir bem estes Fundos ( Estruturais) acabará por ficar pior do que se encontrava antes da adesão ", frisou o excelente Delors. Um abraço! Niet