4.1.11

Economia paralela, perpendicular ou lá o que é


Dizem-me que, ao fim da tarde do passado dia 31, alguns hipermercados de Lisboa pareciam ter sido vítimas de um assalto. Muitas prateleiras estavam praticamente vazias e não só porque todos quiseram ter em casa champanhe para festejar a chegada 2011, passas a serem engolidas em cima de um banco ou cuecas azuis para estrear no dia seguinte. Também não era possível comprar batatas, chocolates ou amêijoas.

Ameaça de guerra atómica ou de tsunami? Más notícias de última hora sobre a senhora Merkel? Não, apenas a subida do IVA no dia seguinte e um surto de poupança açambarcadora. É assim: a portugalidade em todo o seu esplendor.

No dia 1, seguiram-se a filas de portugueses em bombas de gasolina espanholas, onde chegaram depois de gastarem pelo caminho mais do que iriam poupar.

Mas o mais interessante é a notícia, divulgada pela ACAP, sobre vendas de carros durante 2010. Antecipando um novo ano péssimo, e queixando-se antecipadamente dele por todos os cantos, os portugueses compraram mais 38,8% de unidades do que em 2009 – cerca de 13% das quais em Dezembro, precisamente por causa da subida do IVA e da perda de outras benesses.

Não se trata de peanuts… Havia dinheiro debaixo dos colchões? O endividamento continua feliz e contente? É o canto do cisne? Não sei , pero que las hay
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7 comments:

Vera Santana disse...

The last dance . . .

Joana Lopes disse...

Valsa ou tango, Vera?...

Fenix disse...

Esta análise elucida-nos acerca do nosso próximo futuro...
A estupidez portuguesa é endémica!

Unknown disse...

Os Bancos e continuam a emprestar à tripa forra para o consumo, onde obtém maiores mais-valias através de juro usurário, isto apesar de risco de incumprimento ser cada vez maior. Deveria ser criado um limite máximo individualizado para o crédito ao consumo, através de um cálculo similar ao da "taxa de esforço", a partir do qual, em caso de incumprimento por parte do cliente, os créditos vencidos, acima desse limite, não seriam passíveis de qualquer acção para o seu pagamento. Por outro lado esses prejuízos, deviam ser majorados para efeito de cálculo do IRC.
É que esse dinheiro, "desviado" para o consumo, falta depois para apoiar o sector produtivo e as empresas em geral.

Unknown disse...

Era interessante conhecer mais detalhe sobre de vendas de automóveis: quantas viaturas são adquiridas por empresas para utilização dos funcionários? E quantas compras deslizaram dos dois anos anteriores alargando os contratos de renting e de leasing até ao limite? Não será certamente desprezível ...

Joana Lopes disse...

Pedro, não tenho dados para saber se o crédito ao consumo continua tão fácil. Será?

Joana Lopes disse...

José Carlos, é possível que a ACAP disponha desses dados, pelo menos em parte.