13.1.11

Nem o FMI chega, nem a gente almoça


«(…) Todo o santo dia, todos os dias da semana, o apelo ensurdecedor: "Sobe, sobe, marujinho/ / Àquele mastro real/ Vê se vês falência de Espanha/ O FMI em Portugal." Nunca um país teve tantas almas penadas com a mão em pala e os olhos no horizonte - a posição favorita dos economistas em Portugal. Excepto, claro, quando se trata daquele professor de Economia que é candidato - embora nunca político, porque isso nunca o foi, credo! - e nessa condição de candidato é o único economista do mundo que se faz fotografar em cima do capô de um automóvel a agradecer aplausos. Esse, o do capô, é suficientemente cágado para não apelar: "Acima, acima gajeiro/ Acima ao tope real!/ Topa falência de Espanha/ O FMI em Portugal." Não, esse costuma fazer de conta que quer a nau catrineta chegada a bom porto. Mas em dias, como ontem, em que se acalmam mares e ventos, dias em que surge a ténue esperança de a nau chegar a terra, esse, o cágado, retira a máscara e declara: "Não podemos excluir a possibilidade de ocorrer uma crise grave em Portugal, não apenas no plano económico e social, mas também no plano político." Se é isto um político responsável vou ali e já venho. Vergonha para os políticos portugueses - e falo dos de todos os partidos que estão dispostos a governar - que não souberam apresentar alternativas a este sonso.»

Ferreira Fernandes, no DN.
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