8.1.11

Socialismo?


Quando o governo cubano anunciou há alguns meses que ia dispensar um elevadíssimo número de trabalhadores, abrindo à iniciativa privada um certo número de actividades profissionais e assumindo que aqueles que eram até agora pagos pelo Estado aí encontrariam novos emprego, os que ainda defendem a versão caribenha do socialismo viram nas decisões de Raul Castro o mérito de decretar medidas anti-crise eficazes, que os países capitalistas não estão a saber encontrar.


Sucedem-se agora as histórias de quem recebe ordem de marcha... para casa, sem quaisquer perspectivas no horizonte, como esta que Yoani Sánchez relata no seu blogue.

«Era abogada en una empresa de Camagüey, hasta que el día de los Reyes magos le entregaron no un regalo sino el acta de su despido. Descorazonada, se llevó a casa el vaso plástico con el que tomaba agua en el trabajo y aquella planta de hojas pequeñas que adornaba su buró. En un primer momento, no supo cómo contarle al marido que ya no tenía empleo, ni siquiera llamó a sus padres para decirles que a su “niña” la habían dejado fuera con el nuevo reordenamiento laboral. Soportó y calló mientras comía en la noche y el noticiero nacional hablaba con optimismo sobre el nuevo camino para lograr la eficiencia. Sólo acostada y en la penumbra de la habitación, le explicó a él que no pusiera el reloj despertador, porque al otro día no tendría que levantarse temprano. Su nueva vida, sin trabajo, había comenzado. (…)

Sin embargo, lo que más angustia a esta mujer que ha caído en el paro no es el futuro de su empleador estatal, sino el rumbo que su vida personal tomará. Nunca ha hecho otra cosa que llenar actas, componer contratos, enmendar declaraciones. Sus diecisiete años de vida profesional los apostó a trabajar para ese patrón gubernamental que hoy la ha dejado en la calle. No sabe nada de peluquería, ni de las artes de una manicura como para abrir su propio salón de belleza; apenas si ha aprendido a manejar una computadora y no habla ningún otro idioma. Tampoco tiene un capital inicial para abrir una cafetería o invertir en la crianza de cerdos; lo único que se le da bien es analizar decretos de leyes, encontrar los intersticios en los artículos jurídicos. En el caso de ella, el despido es la despedida de su vida laboral, el regreso al fogón, la dependencia al hombre que todavía conserva su empleo; es el silencio perenne de aquel reloj que antes sonaba a las seis de la mañana.»

Se isto não é um despedimento, é o quê exactamente?
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8 comments:

Anónimo disse...

Joana, em Cuba não há dinheiro; está à espera que aconteça exactamente o quê? Aquilo é um país falido que não tem com que pagar a função pública! Vá lá, dê soluções...

Joana Lopes disse...

Eu não tenho que dar soluções, nem a Cuba nem a ninguém. Constato essa falência, certamente, e a do capitalismo também. E espero que não venha dizer-me que Cuba estaria próspero sem o bloqueio americano...

Julio Damas disse...

Portugal acabaria assim se Louçã tomasse o poder.

Joana Lopes disse...

Louçã? Porque não Jerónimo? Bem mais próximo, não?

Anónimo disse...

Então se constata essa falência porquê a interrogação no título do post? Levou-me a crer que a Joana acha o Socialismo infalível. O capitalismo não faliu, foi fácil, transferiu-se dinheiro para a classe dominante enquanto se hipotecou a geração vindoura de trabalhadores. Explique-me lá porque é que isso em Cuba não é possível...

Anónimo disse...

"Os cortes nos postos de trabalho assegurados pelo Estado fazem parte de um “conjunto de reformas económicas que pretendem reduzir a despesa pública” e alargar a iniciativa privada no país…onde é que já ouvimos esta história?!"

retirado do blogue Luta Popular online...

Rui Mateus.

Anónimo disse...

...mais uma vez, vendo os comentários anteriores...o que falhou não foi o socialismo, mas sim o capitalismo de estado...

Rui Mateus.

Fernando disse...

Cuba é socialista teorica e praticamente, assim como a URSS o foi, se basearmos essa definição nas relações de produção. Claro que é fácil, e acima de tudo preguiçoso, apelidarmos de "capitalismo de estado" aquilo que nos convém.

Contudo, continuo com alguma curiosidade em saber o que pode um Estado falido fazer para pagar aos seus funcionários...

Agora, dizer que, uma vez falido, deixa de ser socialista... essa é boa...