10.2.11

Egito: sem Mubarak?


Quando se espera que a partida de Mubarak seja anunciada ainda hoje, vale a pena ler, na íntegra, um texto publicado no último número de Le Monde Diplomatique (edição portuguesa) - No Egipto, nada está decidido.

«O canal de televisão por satélite Al-Arabiyya, concorrente da Al-Jazira e próxima da Arábia Saudita, publica uma notícia surpreendente: Habib Al-Adly, o antigo ministro do Interior, o homem há muitos anos responsável pela repressão, pelas detenções e pela tortura no Egipto, é suspeito de estar por detrás do atentado contra a igreja de Alexandria a 31 de Dezembro de 2010. (…)

O regime policial foi abalado, mas no essencial continua de pé. O desaparecimento das forças policiais não deve permitir que se alimentem ilusões. (…)

A seguir, o exército. O seu alto comando está profundamente ligado a Mubarak, ele próprio um militar (desde 1952 que o poder é controlado pelo exército). (…)

No quadro desta situação que permanece em aberto, e quando a vitória das forças democráticas não é garantida, longe disso, muitos intelectuais franceses e estrangeiros preocupam-se com as ameaças que pesariam sobre o futuro do Egipto e não sobre a manutenção da ditadura. (…)

Esta maneira de decidir pelos outros povos é característica de uma perspectiva colonial, de uma perspectiva de grande potência. Ninguém se espanta quando o presidente Obama afirma que é preciso que Mubarak parta, que parta agora («now!»). Ninguém se espanta que, depois de terem apoiado durante décadas o ditador, os países ocidentais venham explicar que é tempo de mudar. É, aliás, paradoxal que Mubarak utilize estas ingerências para apresentar a oposição como pró-americana, ou mesmo pró-israelita.

Tentemos fazer uma comparação ousada. Imaginemos que nas eleições presidenciais americanas de 2000, cujo desfecho era incerto e na qual a ratificação da vitória de George W. Bush foi problemática, se tinha deslocado aos Estados Unidos um dirigente chinês, russo ou egípcio para explicar ao Senado o que tinha de ser feito…»
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3 comments:

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

Esta mania de decidir pelos outros povos ou mesmo da burguesia egípcia decidir pelos seus miseráveis a quem esta crise tirou o pouco que tinham, é característicamente humana.


Uma perspectiva colonial é manter ideias típicas do século XX, todas as nações influenciaram os seus vizinhos

os númidas influenciaram a queda dos seus vizinhos cartagineses

a china durante mais de 500 anos interviu em estados que nunca foram suas colónias mas caiam na sua esfera de influência

Pressões económicas, políticas e militares sempre existirão

chamar-lhes neocolonialismo é....

Os revoltosos de baixa categoria que pilharam as casas da classe média estão a ser agora perseguidos por grupos armados dessa classe média que actua como milícia

Há várias revoltas no egiptus e a do povo miserável foi definitivamente esmagada

3 a 4 milhões de funcionários terão 15% de aumento
os restantes ganharão uma inflação galopante e poucos lados para emigrar e no próximo ano nascerão mais 1 milhão de egípcios do que os que irão morrer

ou seja haverá mais 1 milhão de miseráveis talvez numa democracia ao estilo angolano ou iraniano

Fenix disse...

E as moções de censura que se adivinham por cá, é para precipitar a entrada de Passos Coelho e os grupos Mello, Bes e quejandos, no Poder?! Eu sei que mais cedo ou mais tarde eles virão, mas fiquei sem compreender o que a Esquerda quer provar com as moções, se o fim está à vista.

Joana Lopes disse...

Ui, Caro Fénix, este post é mesmo sobre o Egipto...