São cerca de 1.200 os espanhóis que chegam por mês à Argentina para fugir ao desemprego, mais de 110.000 desde o início da fatídica crise. Na senda dos antepassados (quase dois milhões que nas últimas décadas do século XIX, e uma parte do século XX, saíram à procura de uma vida nova na América Latina), vão hoje mais preparados, são sobretudo jovens de menos de 35 anos, com diplomas de engenharia, arquitectura ou informática dentro da mala que já não é de cartão.
E os argentinos, que vieram ter com os antigos colonos quando tudo lhes fugiu debaixo dos pés nos primeiros anos da década que há pouco terminou, estão de volta ao país natal.
Agora, uns e outros desembarcam no Aeroporto de Ezeiza e percorrem a 9 de Julho ou as docas de Puerto Madero, em Buenos Aires. Procuram ou reencontram as oportunidades que a Espanha lhes nega, nesta ponta de uma Europa que não consegue vir à tona de água. E é natural que tenham sucesso porque uma simples estadia de turista chega para se perceber que o futuro próximo passa agora por ali, muito mais do que pelas largas avenidas madrilenas ou catalãs.
Um enorme vaivém que é provavelmente inevitável, mas que carrega consigo pesadas frustrações e inesperados desequilíbrios, porque não é necessariamente voluntário mas sim imposto por circunstâncias adversas.
Onde está espanhóis, leia-se portugueses, coloque-se a palavra Brasil (ou Angola…) em vez de Argentina, e estaremos a ver-nos ao espelho. Mas nós nem estranhamos tanto assim porque sempre saímos daqui, primeiro em naus ou caravelas e mais tarde em grandes paquetes ou no velhinho Sud-Express. Todos tivemos um tio-bisavô brasileiro ou uns pais velhos colonos – eu que o diga.
(A partir daqui)
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4 comments:
Moçambique. Onde quase todas as semanas "ó zé teixeira pode(s) falar com ..., patrício recém-chegado à procura ..."
(Gente que vem de Angola, também. Onde afinal ...)
"Para nascer: Portugal. Para morrer: o mundo".
Não fico admirada, jpt, Angola, aparentemente, já foi...
Estou cá na Argentina e vejo espanhóis e argentinos que retornam. Nas ruas mais pobres vi, hoje, venezuelanos, equatorianos, colombianos...
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