Vale a pena ler uma entrevista que Manuel Castells deu a Jordi Rovira sobre Internet e Rebelião (aqui, em português), a propósito dos recentes acontecimentos no mundo árabe.
É relativamente longa, são abordados vários temas importantes, mas destaco apenas este:
«O importante das “wikirrevoluções” (as que se auto-geram e se auto-organizam) é que as lideranças não contam, são puros símbolos.
Símbolos que não mandam nada, pois ninguém os obedeceria, eles tampouco tentariam impor-se. Pode ser que, uma vez institucionalizada, a revolução coopte algumas destas pessoas como símbolos de mudanças (…). Cohn Bendit era também um símbolo, não um líder (…). Walesa foi diferente, um vaticanista do aparato sindical. Por isso, tornou-se político rapidamente. Cohn Bendit tardou muito mais.»
O que é válido para a Praça Tahrir serve-nos também, com todas as devidas distâncias e proporções, como matéria para reflexão, a poucos dias da manifestação da «Geração à Rasca», que incomoda tanta gente precisamente porque os seus organizadores se recusam a ser líderes da iniciativa.
É ver todos os comentadores encartados bem estupefactos com esta presença propositada apenas nos bastidores, perdidos numa teia de teorias da conspiração que a expliquem, à procura de etiquetas, sem entenderem o que está realmente em questão.
Mas é caso para dizer que «se habituem» porque se trata de algo que veio para ficar. Ou, já que se citou Cohn-Bendit, que «ce n’est qu’un début!…»
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