29.3.11

Escrito na pedra


Os conselheiros de Estado só vão a Belém depois de amanhã, mas já nos dizem que «querem governo maioritário». Muito bem: tanto trabalho e tanta despesa para que tudo acabe por se reduzir a uma redistribuição do número de cadeiras em S. Bento, com um enorme centro tripartido, que irá até à ponta direita do hemiciclo.

O resto será um sem número de arranjos de bastidores, se possível com pouco alarido para não assustar os mercados. Nada a temer: já todos prometeram ao dr. Cavaco que serão bem comportados e ele já nos informou por fontes enviesadas.


A este respeito, leia-se Pedro Tadeu, hoje no DN: A coligação que vai voltar a governar o País.

«Os problemas dos portugueses vão resolver-se nas próximas eleições? Não. Tudo está a ser construído para que o poder político venha a cair nas mãos de uma coligação de interesses: os dos que defendem o mesmo statu quo que levou o País, desde há 25 anos, a abdicar da sua autonomia económica. (…)

Acusar apenas o PS e José Sócrates - por muito que ele mereça todas as críticas - da situação em que estamos é hipocrisia. A coligação de interesses que ao longo dos anos, apesar de todos os avisos, caminhou sem vacilar para este abismo, incluiu PS, PSD, CDS, os empresários mais destacados, os banqueiros mais relevantes. São estas mesmas pessoas que estão por detrás das alternativas políticas que querem ter, a curto prazo, no novo Governo de Portugal.

Essa coligação de interesses acredita que para resolver o problema basta sacar aos cidadãos, durante meia dúzia de anos, o dinheiro para pagar a falência da sua própria insanidade. Só discute a forma de o fazer, mais ou menos suave, mais ou menos humana...

Esta coligação de interesses não discute que, para além disso e mais do que isso, é preciso repensar a forma como o País vive, trabalha e negoceia, pois o actual modus é trágica e comprovadamente insustentável. Mas como isso é por em causa a sobrevivência da própria coligação de interesses, ela, que se prepara mais uma vez para mudar a cara do poder para assim se perpetuar no poder, não o fará.»
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